segunda-feira, 3 de abril de 2017

34º Episódio . Nazaré. Velhos Lobos do mar

34ºEposódio – Nazaré. Velhos Lobos do Mar
(Virgolino, embriagado exaltou alguns vizinhos)
- (Voz de uma vizinha) - Seu bêbade relachade, ‘inda hoje deu ‘ma carga de pancada à melher, e vem pa’porta fazer uns enchentes destes!... Ai, vem aí a guarda, o’lguém foi avisá - le!
- A Guarda Republicana, quando fazia a ronda habitual pelas ruas ao fim da tarde, reparou que havia um agrupamento de pessoas a falar alto, perturbando assim a vizinhança; neste caso tinha que intervir. Depois de ouvir o queixoso, o Virgolino, O guarda vendo - o embriagado levou - o para o posto, para lá passar a noite.
O Zé dentro de casa, tinha assistido aos acontecimentos, dirigiu-se ao quarto de sua mãe e informou - a do que tinha acontecido)
- À mãe, você na’vai acr’aditar!
- O que foi filhe, eu só t’anhe ‘tade óvir barulho desse homem…Mas ele ‘inda aí ‘tá?
- Não mãe… Os Guardas levaram o pai pó poste, se’calhar até passa lá a noite!
- À Virgem mãe… havia de ser um mês ó dois, pa’ver se ganha juíze!
- À mãe, já ‘tou a ficar com pena dele!... Os guardas são capazes de lhe bater se’le começar a refilar com eles!
- ‘Tá descansade que na’le fazem nada, ele é um  cagarolas … À filhe a nossa mãe tem ainda muitas dores, tu vais descansar e amanhã se vê o c’acontece!
- Fique descansa’dinha mãe, que ele aqui não entra.
(O Zé no dia seguinte saiu de casa e assim que chegou à marginal encontrou a Guarda Republicana que o abordou)
- Ouve lá rapaz, aquele homem que passou esta noite no posto não é o teu pai?
- É sim senhora. As coisas quele fez ontem e disse à ‘nha mãe, não merece perdão. Ele nunca quis trabalhar, a ‘nha mãe toda a vida é que teve que ganhar para o sustente da casa; e ontem deixou-a quase morta com tanta pancada…À senhor Guarda ela está cheia de nód’as negras. Veja lá o senhor Guarda, a mim disse-me qu’eu não era filho dele … A ‘nha mãe é uma melher de vergonha! Iste é tude por c’osa do vinhe.
 Até na taberna que ele entra já não lhe fiam nada.
- Estou a ver. Então o teu pai bateu forte na tua mãe?
- Bateu sim senhor. Ela está na cama cheia de dores, sem se poder mexer; e ainda por cima esteve a difamá-la. Eu nem sei se a ‘nha mãe pode continuar a trabalhar como d’antes. Quando há peixe, trabalha de noite e de dia a a’cartar os cabazes à cabeça. Tem sido uma negra a trabalhar, para agora ela ter este pago!
- Se falas verdade tens rezão. Mas então e agora o que pensam fazer?
- Olhe senhor Guarda, eu não sei. A casa onde moramos era dos meus avós, a minha tia e a minha mãe são as herdeiras e nunca fizeram partilhas, e a ‘nha tia não o quer lá!
Fim do 34 º Episódio
M. Francelina e José Balau

   No-temp-dos-barretes.blogpot.com

Sem comentários:

Enviar um comentário