31º Episódio – Nazaré. Velhos Lobos do Mar
Eu ‘tou p’raqui a falar à sorte… seja o que Deus quiser, há-de ser
bom!
(Entretanto na taberna da
Ti’Ana, o Virgolino tinha provocado os clientes que se encontravam a jogar às
cartas. O Alberto também estava presente, um homem de respeito e de vergonha. A
certa altura dirige-se ao Virgolino dizendo-lhe : - Tu na’tans vergonha Virgoline… há
mais de uma hora que na’sais daí do balcão!... Deixa a melher em paz e vai p’ra
casa; a Ti’Anana’te fia nenhuma bebida!
- Prontes parecias agora uma volta de mar na moiteira… na’fia
na’fia… Olhe Ti’Ana, você vai perder um freguês e peras óviu,óviu bem! Nunca
mais eu prante aqui os pés… Olhe queu sô’ um homem de palavra òviu bem Ti’Ana!
- Vai p’ra casa Virgoline… Quem te viu e quem te vê, nunca mais
ganhas juíze; andas a dar cabe da tua vida e da tua famila!
- Prontes, é só e que sabem dezer:- vai p’ra
casa vai p’ra casa… Eu já na’tanhe casa óvirem todos, ‘ma pessoa passa a vida a
sacreficar-se pa’gora ser assim escurraçade, como se fosse um verdadeire
malandre; mas podem ficar cientes; este homem que táqui, vai governar uma
empresa só minha ó’virem bem… Eu sou um lobe do mar!... Na’vou precisar de
ninguém desta taberna, nem de ninguém, ó’virem… E agora vô’ m’imora só pa’ na’me
chatiar com vocês!
( O Virgolino encontrava-se
embriagado, já não era ele que falava mas sim o efeito do álcool. Saiu da
taberna a cambalear em direção ao areal, e por lá ficou no abrigo de uma
embarcação)
(Ti’Ana ficou revoltada com o sermão do
Virgolino)
- Àrberte, tu já vites o queu perdi!...À melheres um freguês e
peras…Desgraçade, agora vai dormir à sombra de um barco e por lá fica… Na’deseje
mal a ninguém, mas uma volta de mar o levasse que nunca mais aparecesse… Um
ordinare daqueles ,na tem onde cair morte! Tanhe pena é da melher o do filhe; um
cão que na’ conhece o dono! Mal empregada rapariguinha, encatô-se ca’beleza… Ai
ai, se fosse comigue, ele na’mangava não!... Perrada, atão não, nem os cães a
querem!
- (Atão pois não disse o
Alberte) É uma ordinarice
o que fez à melher, tem side uma sacrificada a trabalhar p’ra ele comer todes
dias… Se fosse a ela punha- o na rua, fosse ter ca’famila dele é tude farinha
do même saque… Na’nha casa na’entrava ele!
(Entretanto a Virgínia
continuava na cama com algumas dores no corpo. O seu filho ia recebendo algumas
informações de sua mãe, para organizar a vida do dia a dia)
Fim do 31º Episódio
M. Francelina e José Balau
no-temp-dos-barretes.blogpot.com
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