quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

27º Episódio - Nazaré. Velhos Lobos do Mar

27º Episódio

Mas o Zé não se confortava com a dor de sua mãe; resolveu de imediato ir à procura do seu pai.
Descendo a rua rapidamente, dirigiu-se à praia onde talvez seria o lugar mais certo de o encontrar. Depois de percorrer vários lugares entre as embarcações, não conseguiu encontrá-lo. No regresso, ao passar por uma pequena embarcação meio virada, com o fundo para cima, qual não é o seu espanto, ao ver o seu pai a dormir descansadamente! O Zé um pouco intrigado deu um abanão no corpo até ele acordar.
- À mê’pai, mê pai acorde!... Oiça cá, como pode você ‘tar aqui descansade a dormir, depois de maltratar a mãe?! Você deixou a mãe em casa no chão a queixar-se com tanta dor… Você na’passa dum animal, nem m’arece o comer que lhe dão!
- Mas o quê Zé… A tu’mãe ‘tá assim tão mal!... Sabes ‘ma coisa isse é manha dela… A gente só teve ‘ma descussão… è normal entre casais!
- Alevante-se já daí qu’eu na’quere perder-lhe o respête, e vá já p’ra casa ajudar aquela triste, que ‘tá a sofrer por sua causa da su’incomprensão e maldade!! Você na’dá valor a quem o sustenta, foge do mar só pa’na trabalhar, na’passa dum malandre, já’tá viste por toda gente;  os seus companhêres, têm rezão de falar mal de si!
- Zé, olha que tu ‘tás a passar dos limites… Eu quere mais respête qu’eu sou tê pai!
- Você mê pai!… Mas que pai é você? Eu tanhe vergonha de si…Tabem devia lembrar-se de mim que já sou um homem! Acabou-se a conversa e vames p’ra casa ‘tá lá alguém a sofrer que precisa da gente.
- Pouco depois o Virgolino e seu filho entraram em casa –
Virgínia deitada na cama, gemia com dores nas costas e nas pernas, quase todo o corpo lhe doía. O Zé mais humano chegou perto de sua mãe e perguntou-lhe como se sentia.
- ‘Atão mãe ‘inda tem muitas dores?
- Tanhe filhe, cada vez mais as pernas é o pior!... Ouve cá esse homem ‘taí em casa?
- ‘Tá na cozinha, nem coragem tem de vir ó’pé de si!
- À matadore!... Vai matar a tu’famila quelas são da tua raça e da tu’ruindade!
Na’ma pareças aqui ó pé de mim óviste!.. Este homem põe-me no cemiter filhe…
Na queres trabalhar à malandre, és a vergonha das companhas todas ca’praia teeeeeem!!.

Fim di 27º Episódio
M. Francelina e José Balau.
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