terça-feira, 24 de janeiro de 2017

26º Episódio . Nazaré. Velhos Lobos do Mar

     26º Episódio

- Ti’Afonso informou o rapaz -
- À migue vans procurar o tê pai… Ele saiu à bocade ca’ tu’mãe!
- Ela veio aqui chamá-le?
- Sim veio. Mas o que se passa?
- (O Zé estava nervoso) -  À Ti’Afonse venha comigue a ‘nha casa pa’su saúdezinha…A ‘nha mãe’tá no chão feita num molhe e eu na’ som’ capaz de levantá-la.
O mê pai hoje, tem que me` óvir!
- Mas afinal o que se passou? Vames lá rapaz.
( Assim  que chegaram a casa, o Ti’Afonso e o Zé tentaram estender a vítima na melhor posição. Ao ver o sofrimento da mulher o Ti’Afonso ficou enfurecido; o rosto da vítima e os braços tinha marcas de sangue.)
- Iste na’se faz a um ser humane! (desabafou o Ti’Afonso)  
- A nha mãe trabalha como ‘ma negra, sem ter valor nenhum… ‘Inda hoje me desserem qu’ele fez um calote na taberna, e agora é iste como você vê Ti’Afonse… Eu na’le perdô.
- Olha migue: - Isse do rol na taberna é verdade. A Ti ‘Ana ‘inda agora le disse que na’le fiava mais nada. Se calhar a tu’mãe coitadinha disse-lhe algumas verdades; ele já vinha danade de discutir co’ mestre e ópois a Ti’Ana na’le fiou, ficou danade quem as pagô foi  a tu’mãe!
- O Zé já tinha ido à loiceira buscar vinagre para lhe dar a cheirar e chapinhar-lhe as fontes, foi quando ela começou a abrir os olhos e reparar onde estava disse :
- O que foi iste… ai que dor eu tanhe na nha cabeça e nas costas, nem posse respirar!... Eu desqueti co´tê pai filhe, mas na’ me perguntes por mais nada queu na’me lembre!
- O mê pai vai ter muite que contar sobre esta atitude cruel p’ra vomecê!
Ai ai, a nha mãe Ti’Afonse, ela é a trave desta casa… É ela que ganha po’ pão de cada dia e o mê pai na’quer saber de nada!
- Olha migue, toda gente sabe as pessoas na’são cegas… A tu’mãe é uma melher séria e trabalhadora; na’queiras seguir o inzemple do tê pai, se na’ gostas da vida do mar, vê se arranjas qualquer coisinha em terra, orienta bem a tua vida,  pa na’ficares à custa da tu’melher… O que o tê’ pai ‘tá fazer é uma vergonha!
- O mê pai tem que começar a trabalhar, eu na’vom deixar ter sossegue!
À Ti’Afonse, ajude-me a pôr a nha mãe em cima da cama, ela ‘tá arrefecer aqui no chão. À querida mãe na’me dêxe queu na’tanhe  ninguém no munde.
- Ai ai que dores filhe, ‘tou toda partidinha!
- Tenha calma mãe você vai ficar boa.
Obrigadinha  à Ti’Afonse, ela assim ‘tá melhor. Eu vou procurar o mê pai.

- Pouco depois o Zé deu a beber à sua mãe uma bebida quente, para a confortar do mau estado físico. Mas o Zé não se confortava com a dor de sua mãe; resolveu de imediato ir à procura do seu pai.

Fim do 26º Episódio
M. Francelina e José Balau.
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