segunda-feira, 28 de novembro de 2016

18º Episódio - Nazaré. Velhos Lobos do Mar

18º Episódio – Nazaré Velhos Lobos do Mar

- Deus o oiça Ti’Afonse… Ca’fome que ‘tá na praia, esta chuva vem mesme a calhar! Era bom que todes fizessem uma boa pescaria… Obrigade pa’informação, eu vou ter co’mê pai!
- O João, percorreu um pouco a margem do rio e assobiou como era seu hábito chamar o seu pai. O jovem, não teve sinal de resposta. Entretanto ele andou um pouco mais e ouviu um grito de socorro. João apressou o passo, e a voz ainda mais perto fez-se ouvir com mais intensidade; mas o caniçal não deixava ver o vulto.
- Valha-me Deus, parece a voz do mê pai… mas ele deve estar por aqui perto.
- ( a voz pedia socorro) Ai ai qu’eu na’consgue sair daqui… ‘Taí alguém, ajudem-me por amor de Deus!
(O João ficou surpreendido) Olha é o mê pai… Espere aí pai eu vou já ajudá-lo, agarre-se a estas canas eu vou descer, dê-me a sua mão, isse mesme levante agora a perna e faça força, coragem pai, mais um pouco e já ‘tá fora de p’rigue!
- Com a ajuda do seu filho o António estava salvo-
- À filhe, foi Deus que te mandou agora aqui… Eu vi agora a morte à frente dos olhes!
- Mas como iste aconteceu pai?
- Olha filhe, como vês a cheia do rio leva muita força, e um tronco d’uma árvore veio ao encontre do barquinhe e virou-me… mas iste foi tão rápide que na’me pude desviar.
Olha o barco foi levade com a corrente, mas ele vai parar mais abaixe, onde ‘tão as portas do rio.
-Você ‘tá tode molhade, vista as nhas calças eu fico só ‘cas cirôlhas, o sol já ‘tá aparcer já aquecemes… Entretante vames andande até à estrada, pode ser c’alguem nos leve costumas passar carroças para a mercade.
- À filhe, tu na vás  dezer à mãe o que’maconteceu… ela na’pode saber nada diste òviste!
- Não pai, ela nunca vai saber.
- António e o seu filho João, caminharam até à estrada, e pouco depois viram aproximar-se uma carroça, fizeram sinal ao condutor para parar. João depois de explicar o acidente do pai, imediatamente  foram  ajudados pelo benfeitor. O dono da carroça, era agricultor da Pederneira e logo se criou uma amizade entre todos. Mais tarde, António e seu filho chegaram a casa. Maria ao vê-los ficou muito contente, mas mal sabia ela o que tinha acontecido ao seu marido
Ai já chegaram… À Tonhe… tanhe rezade tante por vocês, deves ter apanhade um grande suste!
- Olha à Maria nem por isse… ‘Tavam lá mais lagoeiros e abrigames todos numa velha cabana d’um valadeire. Agora o queu precise é d’auga quente e ‘ma muda de roupa, arranja lá isse depressa!
- Mas o João também ‘tá tode melhade!!
-  Pois ‘tou mãe, só se você pensa queu vanhe d’algum bailarique!

Fim do 18º Episódio
M.Francelina e J. Balau.

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