sábado, 19 de novembro de 2016

17º Episódio - Nazaré Velhos Lobos do Mar

17º Episódio – Nazaré. Velhos  Lobos  do  Mar

- Eia mãe, tá cair ‘ma tempestade que vai praí fazer estrague de certeza… Você já foi ó sóte ver sa ‘esnela ‘tá bem fechada!... Mas oiça cá mãe, onde ‘tá o pai?
- Tu na’sabes ainda filhe… O pai levou os aparelhos da Lagôa deve ‘tar na pesca!... Nossa Senhora o acompanhe… Ai Senhor que relâmpague tão grande deu agora… À filhe, vai tapar os espelhos todes depressa c’uma toalha, esta serve toma lá. Ai Nossa Senhora eu t’anhe tante n«mede dos relânpagues!
- T’anha calma mãe, quante mais forte é a trevoada mais depressa ela passa… Olhe, quande o tempe al’eviar mais eu vou ó encontre do pai; eu sei onde ele costuma pescar.
- À filhe, na’me dê’xes aqui sozinha com este tempe!
- Na’tanha mede, a trevoada forte ela passa depressa… Eu sei que mete medo, mas os trovões na’fazem mal a ninguém, o pior é as faíscas mãe, mas nós não estamos em p’rigue, era pior se tivéssemos agora no pinhal, ou em algum lugar na rua.
- Pois é das faíscas que tanhe mede c’aconteça o’lguma coisa ó tê pai!
- O pai é experiente nestas situações, já não é a primeira vez que ele apanha uma trovoada na Lagoa… Olhe, se’calhar é um sinal que ele vai fazer uma boa pescaria! Olhe ‘tá ver, a trevoada já se ouve agora mais longe!
- Deus queira. Tu sabes q’ueu tanhe muite respête dos trevões desde criança, ainda me lembra d’um suste que apanhei quande ‘tava ca‘nha mãe no pinhal; caiu uma faísca caté escalou um penhêr d’alte abaixe!... Olha filhe vai vai saber do pai, ele também deve ‘tar assustade. Estes sacrafices, é que ninguém dá valor… Certa gente´tá agora arrecadade em casa, enquante outres, arriscam as suas vidas pa´ganhar o pão!
- À mãe, eu vou espreitar o tempe, parece qu’a chuva ‘tá alviar um pouco!
- O João, resolveu sair de casa bem agasalhado ao encontro do seu pai. A chuva, pouco a pouco ia diminuindo a sua fúria e o jovem, sabia o lugar certo que o seu pai costumava pescar; por isso não ia ser difícil encontra-lo. ( mais tarde)
O João, chegava ao local habitual mas não encontrou o seu pai. Um pescador que vinha da mesma pesca, foi ao encontro do João e disse-lhe : - È João vens ao encontro do teu pai?
- Olha o Ti’Afonse, vanhe sim senhora, vomeçê por acaso não o viu?
- Olha ‘tive mesme agora a falar com ele. ‘Tás a ver aquele caniçal perte daquela árvore, ele anda aí a pôr os aparelhos n’áuga deve ‘tar acabar.. Esta noite vai cair ma’enchurrada caté aboia o campe tôde, esta chuva é oire pa’nossa arte!... àmanhã os aparelhos vão ficar cheios de inguias, tanhe a certeza disse!
- Deus o oiça Ti’Afonse… Ca’fome que ‘tá na praia, esta chuva vem mesme a calhar! Era bom que todes fizessem boa pescaria… Obrigade pa’informação, eu vou ter co’mê pai!


Fim do 17º Episódio
M. Fancelina e J. Balau.

Sem comentários:

Enviar um comentário