14º
Episódio – Nazaré. Velhos Lobos do Mar
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Mas ouve cá Alberte, tu q’rias que’u fosse ó mar, c’uma dor de cabeça e
ma’pontada no pête… Essa agora ‘atão não… Ele tem mu’tes camaradas na’ fac’e lá
falta. Primêre ‘tá a saúde do mê corpe Alberte!
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Eu na’tanhe nada a ver cô’isse Virguline, mas eu ache que faltas a muitas marés
de mar…Iste, é o que eu oiçe dezer p’raí!
-É
obra à ós…eu também oiçe dezer muitas coisas, e ande calad’e!
Ouve cá, medemes agora de conversa, donde vinhas tu ontem tão ced’e, até levavas um embrulho tapade c’um casaque d’óliade… até me pareceu um peixe!
Ouve cá, medemes agora de conversa, donde vinhas tu ontem tão ced’e, até levavas um embrulho tapade c’um casaque d’óliade… até me pareceu um peixe!
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À viste… ouve cá, onde ‘tavas tu tão cede pa’me veres passar!?
-Eu
‘tava em casa, à esnela a ver com’e ‘tava o tempe!
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‘Tavas assim tão preocupade co’tempe… eu a essa hora vinha do corrimão; olha
uma noite perdida, mesme assim ainda apanhei um rebale!
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Apanhaste um rebale… é obra, a sorte vai sempre pós mesmes à ós!
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À pois vai… se tu levantasses o cuzinho do banque, e se fizesses pa’vida podia
ser que tivesses melhor sorte! Ouve esta. Lá anda a tu’melher a fessar muitas
vezes, para ganhar alguma coisa pa’te sustentar!
Na’me faças falar mais, pa’na’me chatiar contigúe!
Na’me faças falar mais, pa’na’me chatiar contigúe!
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Vou-me já imbora, até logue até logue.
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Éeeee… Na te convém a conversa, dizes que te dói o peite e a cabeça… Isse é
tude m’eleza que ‘tá contigúe! Tu já vi’tes, cas fechaduras e debradiças que na’trabalhem
enferrujem…é q’acontece ós osses; o q’áde dezer a tu melher, q’ande a costa ‘tá
negada, fica arrebentadinha de tante carregue…Nunca se nega ó trabalhe aquela
triste… Ta’bem, na tem outre reméde!
Seu fosse a ela, fazia comó mê’pai dezia:- Na casa deste homem, quem na trabalha na’come… e olha que trabalhar, é um vício mu’te benite! Ele tinha rezão, a’costumô a gente a ir à procura do trabalhe, antes ca’fome viesse ter ca’gente.
Na’ tanhas mede nem vergonha de ser um homem de trabalhe; olha ca’preguiça é a mãe de todos os vices!
Seu fosse a ela, fazia comó mê’pai dezia:- Na casa deste homem, quem na trabalha na’come… e olha que trabalhar, é um vício mu’te benite! Ele tinha rezão, a’costumô a gente a ir à procura do trabalhe, antes ca’fome viesse ter ca’gente.
Na’ tanhas mede nem vergonha de ser um homem de trabalhe; olha ca’preguiça é a mãe de todos os vices!
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À ós…mas que mal fiz eu…já um’tava a ir imora, e fiquei aqui fête parve a óvir
um sermão!... ‘Tás aí qué’s o Padre Casemire… iste é obra na praia!
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É na’é… Chama - le agora nomes!
- A Ti’Ana que nunca se
metia nas conversas, assim que o Virgolino saiu disse: - À Alberte, na
gastes cera com defunte ruim. Ele já na’perde este feiti de na’gostar de
trabalhar, ele já quande era mais novo era o
que se via!... Mas fiade meu é que na’bebe mais nada. Se me pedir um
cope d’auga ainda lhe dou; uma sede de água não se nega a ninguém…mas ele na’gosta
dela, a água cria arrãs na barriga…
Encosta-se aí ó barril a pedir alguém que lhe pague o mata-biche… e às vezes safa-se!
Encosta-se aí ó barril a pedir alguém que lhe pague o mata-biche… e às vezes safa-se!
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À Ti’Ana, cá per’mim nem pão nem áuga lhe dava!
Fim
do Episódio
M. Francelina e J. Balau.
M. Francelina e J. Balau.
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