quinta-feira, 27 de outubro de 2016

11º Episódio. Nazaré. velhos Lobos do Mar

11 º Episódio – Nazaré. Velhos Lobos  do Mar

- Entretanto o António continuava na pesca. Com o vento norte, foi fácil ouvir as doze badaladas, do sino da Igreja do Sítio; António  resolveu então iniciar a alagem do corrimão.
Já deu meia - noite, vou começar alar. Em louvor do Senhor dos Passos. -Pouco depois-
Eia pá!… O mar cada vez é mais. A maré tabém já quer cair, vou alando com calma.
O aparelho vem pesado, é capaz de trazer lixo. Mas o que é iste! Querem ver que vem aqui um peixe, e é mesme um grande rebale… valha-me aqui o Senhor dos Passos!... E vem lá outro ‘tou a sentir a puxar… Eina que grande peixe, já ‘tou satisfête… Obrigado Nossa Senhora, por estes peixes!

- Até o final da alagem, o António tirou do aparelho mais  quatro grandes peixes, ficando assim muito contente e também cansado -
- Tôu cansadinhe, mas valeu a pena. E agora Tonhe, quem leva estes robalos p’ra casa, devem ter mais de trinta quilos… Valha-me o Senhor, iste é demais pa’eu levar às costas. Mas vem aí alguém, quem será, será o Alberte... És tu Alberte?
- Sou sim Ti’Tonhe. Olhe fiquei sem o mê’corrimão, rebentou-se a linha!
Mas o que é iste!...  Grandes pêxes… mas que grande pesca Ti’Tonhe!
- À Alberte, ‘tou cansadinhe, assentei-me agora um bocadinhe, esta vida já não é p’ra mim, tu já vi’tes bem o peixe queu apanhei! Olha tu podias  me fazer um favor, quande chegasses á praia, avisavas a ‘nha melher pò’ mê filhe vir ó mê encontre, pa’ma’judar a levar o peixe.
- È Ti’Tonhe, mas se você quiser eu posso ajuda-lo! Eu até ia já imbora!
-Atão,  olha se fazes esse favor, deixa ‘tar que na’ perdes nada com isse!
- Entretanto já amanhecia. O António e o Alberto chegaram a casa carregando os robalos às costas, depois de uma longa caminhada. O António entrou em casa mais o seu companheiro, poisando o peixe na cozinha. A Maria e o João ainda dormiam, mas acordaram sobressaltados com o barulho do António.-
- À Mariiiiiiiia… Acorda  melher. Tanhe aqui ‘ma surpresa p’ra ti, na’ta’sustes é coisa boa!
- Maria chega à cozinha sem reparar nos robalos-
- Q’rede ‘Tonhe, trapassa é esta!...Àaaaa! Mas o qué iste ‘Tonhe, de quem é este peixe? Bom dia à Alberte, nem reparava p’ra ti… Mas mê’me sere vocês apanharam este peixe tôde?
- Apanhamos quer d’ezer, apanhou o Ti’Tonhe sózinhe… Eu fiquei sem o mê aparelhe.
- Á Maria, faz já aí ‘ma cafeteira da café e vai à padaria buscar o pão, a esta hora já deve ‘tar aberta, são sete da manhã. Olha Alberte, lava-te ali na bacia; já na’vais daqui sem beberes a café com pão quentinhe.
Eu vou - te dar um peixe para pagar o teu trabalhe, bem mereces! 
- Pouco depois a Maria perguntou -
Mas ouve cá Tonhe, quem vai me comprar estes rebales?
- Na’sei Maria, na convém nada que te vejem com o peixe, óviste!

Fim do11º Episódio
M. Francelina e J. Balau.

Sem comentários:

Enviar um comentário