Episódio
Nº 44
Maria
- Oiça cá o Ti’Francisco ‘tá bem? Eu fui ontem a casa dele pa’ avisar a mulher
que tínhamos recebid’e boas notícias de vocês…Coitada da mulher ela ‘tava tão
em baixe!
Augusto
– Olha Maria, eu t’anhe aqui o d’enher do peixe que apanhámos; ganhávamos bem o
dia se na’fosse a nortada, mas haja saúde… Já agora queria te d’ezer, o mestre
da traineira que nos trouxe até abrigo, foi um anjo que nos apareceu, até nos
levou pa’ sua casa e lá comemos e dormimos; nunca vou esquecer o que o homem
nos fez!
Maria
- Ora vejam lá, e a gente na praia cheia de fezes com vocês!
(Depois de um grande susto tudo se
normalizou. O Augusto e o Francisco na companhia de Maria regressaram a casa.
Depressa correu a notícia pela vila, o arrais da empresa onde o Augusto
trabalhava, também ficou muito contente pela boa notícia que recebera.
Entrava o Mês de Maio, no dia seguinte
a vida voltou ao normal, entretanto em casa da Augusta havia novidade)
Augusta
– Mariana, ‘tás muito contente, aconteceu o’lguma coisa?
Mariana
– Aconteceu… Fui agora levar o peixe à pensão, encontrei o rapaz que me pediu namoro;
dei-lhe agora a resposta ficámos namorados, mas é pa’casarmos brevemente!
Augusta
– Ouve cá filha, mas eu nem conheço o rapaz … Fazes as coisas assim sem a mãe
saber… O casamento é ma’ coisa muito séria Maria!
Mariana
– Mãe, iste pode ser o princip’e da ‘nha
felicidade… Os pais dele, são de Santarém e são ricos!
Augusta
– Ri’ques filha!... E tu acr’aditas nessa mentira… Na’sei porquê mas parece-me
fartura a mais! Olha tu é que sabes devias pensar duas vezes; eu na’quere daqui
amanhã v’anhas te lamentar da escolha que fizeste!
(O tempo no mar tinha amainado, o
Augusto e o Francisco voltaram a Peniche para trazer a lancha para a Nazaré com
a ajuda de uma traineira.
A Maria também continuava na sua lida diária; ao passar na marginal junto de uma taberna, um grupo de rapazes conversavam animadamente, até que uma voz surgiu do grupo)
Rapaz – (disse) – Ai ai… se eu na fosse casado!
A Maria também continuava na sua lida diária; ao passar na marginal junto de uma taberna, um grupo de rapazes conversavam animadamente, até que uma voz surgiu do grupo)
Rapaz – (disse) – Ai ai… se eu na fosse casado!
Maria
– À sim… Se na’fosses casado já na’casavas… Toma lá que é pa’prenderes a ser
bem educad’e!
Rapaz
– Porra pa’rapariga, deu-me com costal na cara, olha e já t’anhe sangue no
nariz!
Voz de um adulto – Se aquela moça fosse da ‘nha família, já ‘tava
armada na praia, tu foste agora um malcriade, ela ia no caminhe dela na’tinhas
o direit’e de largar bocas p’ó ar… Fez ela muite bem, és sempre o mesmo já tens
um filhe era já tempe pa’teres juíze!
Fim
do 44º Episódio
J.
Balau.
Sem comentários:
Enviar um comentário