quinta-feira, 21 de abril de 2016

39 º Episódio - O Filho do Pescador

39º Episódio

E eu que na’goste nada de regar pragas a ninguém! A sorte dele é ‘tar naquele lugar, sou obrigada a enfrentá-le de vez em quande pa’pagar o pê’xe… Esta vida desgraçada na’me dê’xa ter sossegue… Já devia vir ma’rabiosa ‘avia de chegar ó pa’drão!(diz à parte) Mas p’ra que querias tu a rabiosa Carolina, era pa’ires ós penhoques… Deixa-me mas é ‘tar calada é o melhor!
( pouco depois Carolina entrou em casa e falou com a filha sobre o caso da lota)
Mariana – À mãe vossemecê anda sempre com inchentes… noutre dia foi o peixe chê d’areia, agora é o d’enher; vossemecê na’sabia p’ra onde ia!
Sabe uma coisa por c’osa deas desavenças de vossemecê eu é que sou a vítima… nunca mais vejo o dia do meu casamento… De certeza ainda fique pa’tia!
Carolina – Carede, longe vá o agoire… Tabém na’podes ‘tar aqui sempre fechada em casa!
Mariana – Pois não, mas quande eu sai, vossemecê seca-me os fígados a perguntar por onde andei… Diga lá se não é verdade!
Carolina – À filha, tu na’t’anhas a mal, as mães gostam sempre que os filhos façam boa figura… Mas em parte dou-te razão, a mãe tem side um pouco chata eu sei… Mas eu promete de hoje em diante qu’as coisas vão mudar, vais ver!
Mariana – À vão!… Se’calhar até já mudaram!
Carolina – Já mudaram, queres tu dezer  com isse filha… T’ans olguma novidade pa’me d’ezeres?
Mariana – Por acaso até t’anhe… Mas é melhor deixar passar mais alguns dias pa’ter a certeza!
Carolina – Passar mais uns dias, à filha conta lá à nossa mãe… Até já tá a dar um comichão po’corpe tode!
Mariana – À mãe tenha calma, o que é ainda não lhe posso dizer nada… Vossemecê ‘tá mesme uma chata!
Carolina – Prontes filha, na’fale mais desse teu segrede… Mas po’teu falar parece-me a ser coisa boa!
Mariana – É bom que se cale d’uma vez, olhe eu vou sair tanhe que ir a um recado.
Carolina – ( pouco depois) Mas que novidade será  esta da’nha filha…Esta noite nem vou dormir descansada.
( Chegou o Domingo. Ainda mal rompia a aurora já o Augusto e o seu companheiro o (Francisco) preparavam os apetrechos da pesca dentro da pequena embarcação ( lancha) para fazerem a primeira viagem. As condições do mar eram boas. Com o auxílio dos bois a lancha puxada até à beira mar foi rápido. O Augusto e o seu companheiro depois de algumas remadas afastaram a embarcação do perigo das ondas, prepararam a vela  para que a viagem fosse mais rápida, embora que o vento fosse fraco. Duas horas depois chegaram ao pesqueiro. Algum tempo depois  começou a cair uma aragem fresca do vento Norte.)
Augusto – Já viste Francisco, agora que estamos ancorados é que o vento aparece!

Fim do 39º Episódio

J. Balau.

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