39º Episódio
E eu que na’goste nada de regar pragas a ninguém! A sorte dele é
‘tar naquele lugar, sou obrigada a enfrentá-le de vez em quande pa’pagar o
pê’xe… Esta vida desgraçada na’me dê’xa ter sossegue… Já devia vir ma’rabiosa
‘avia de chegar ó pa’drão!(diz à parte)
Mas p’ra que querias tu a rabiosa Carolina, era pa’ires ós penhoques… Deixa-me
mas é ‘tar calada é o melhor!
( pouco depois Carolina entrou em casa e
falou com a filha sobre o caso da lota)
Mariana – À mãe vossemecê anda sempre com inchentes… noutre dia
foi o peixe chê d’areia, agora é o d’enher; vossemecê na’sabia p’ra onde ia!
Sabe uma coisa por c’osa deas desavenças de vossemecê eu é que sou
a vítima… nunca mais vejo o dia do meu casamento… De certeza ainda fique
pa’tia!
Carolina – Carede, longe vá o agoire… Tabém na’podes ‘tar aqui
sempre fechada em casa!
Mariana – Pois não, mas quande eu sai, vossemecê seca-me os
fígados a perguntar por onde andei… Diga lá se não é verdade!
Carolina – À filha, tu na’t’anhas a mal, as mães gostam sempre que
os filhos façam boa figura… Mas em parte dou-te razão, a mãe tem side um pouco
chata eu sei… Mas eu promete de hoje em diante qu’as coisas vão mudar, vais
ver!
Mariana – À vão!… Se’calhar até já mudaram!
Carolina – Já mudaram, queres tu dezer com isse filha… T’ans olguma novidade pa’me
d’ezeres?
Mariana – Por acaso até t’anhe… Mas é melhor deixar passar mais
alguns dias pa’ter a certeza!
Carolina – Passar mais uns dias, à filha conta lá à nossa mãe… Até
já tá a dar um comichão po’corpe tode!
Mariana – À mãe tenha calma, o que é ainda não lhe posso dizer nada… Vossemecê ‘tá mesme uma chata!
Mariana – À mãe tenha calma, o que é ainda não lhe posso dizer nada… Vossemecê ‘tá mesme uma chata!
Carolina – Prontes filha, na’fale mais desse teu segrede… Mas
po’teu falar parece-me a ser coisa boa!
Mariana – É bom que se cale d’uma vez, olhe eu vou sair tanhe que
ir a um recado.
Carolina – ( pouco depois) Mas
que novidade será esta da’nha filha…Esta
noite nem vou dormir descansada.
( Chegou o Domingo. Ainda mal rompia a
aurora já o Augusto e o seu companheiro o (Francisco) preparavam os apetrechos
da pesca dentro da pequena embarcação ( lancha) para fazerem a primeira viagem.
As condições do mar eram boas. Com o auxílio dos bois a lancha puxada até à
beira mar foi rápido. O Augusto e o seu companheiro depois de algumas remadas
afastaram a embarcação do perigo das ondas, prepararam a vela para que a viagem fosse mais rápida, embora
que o vento fosse fraco. Duas horas depois chegaram ao pesqueiro. Algum tempo
depois começou a cair uma aragem fresca
do vento Norte.)
Augusto – Já viste Francisco, agora que estamos ancorados é que o
vento aparece!
Fim do 39º Episódio
J. Balau.
Sem comentários:
Enviar um comentário