38º Episódio - O Filho do Pescador
Augusto – O que tem isse filha… A
embarcação não é nova já foi estreada:
Maria – ‘Tá bem mas para si é a primeira
vez… Eu ache que vossemecê devia mandar o padre benzer a lanchinha.
Augusto – Á filha, agora ‘tás-me a meter id’éas na cabeça,
pa’andar aqui a s’esmar todos dias!
‘taí o bom tempo acamade até às festas, nem bafe de vento se sente,
e o mar até lhe deram ‘ma rechada nem se meche!
Maria – Eu na’lhe digue mais nada, já dei a minha opinião!
( Entretanto, na lota a Carolina estava
esperando a sua vez para fazer o pagamento da compra do seu peixe)
Carolina – Sou eu agora à Manel, vê lá a soma do mê’pê’xe.
Mauel – Olá… nós temes que ter uma conversazinha senhora Carolina!
Carolina – Pois temes, e eu desde já pedir desculpa pa’quile caconteceu…
Mas já agora quere que saibas, ‘tou muite ofendida da tua mãe… Na’ esperava
qu’ela me ofendesse tante!
Manuel – Isso é outra conversa é lá com ela; agora não podemos
estar a discutir o assunto aqui, estão aí mais pessoas para atender… Ora bem,
tem a pagar 75 escudos, tem aqui os talões.
Carolina - Ai, é assim tante denhere Manel, são só meia dúzia de
pe’xinhes!
Manuel – Se acha muito, para a próxima vez não compre tanto…
Espere lá faltam aqui 5 escudos!
Carolina – Falta, na’tanhe agora aqui mais nada… Na’posse vir
amanhã trazer o resto?
Manuel – Não porque tenho que fechar hoje as contas.
Carolina – Iste é que foi agora aqui ma gaita… Olha ‘tá aqui esta moça, à Lurdes empresta-me aí 5 mérreis, amanhã já te dou; ai, obrigado à miga, ainda há pessoas boas neste munde… Prontes Manel aqui tans o denher.
Carolina – Iste é que foi agora aqui ma gaita… Olha ‘tá aqui esta moça, à Lurdes empresta-me aí 5 mérreis, amanhã já te dou; ai, obrigado à miga, ainda há pessoas boas neste munde… Prontes Manel aqui tans o denher.
( Carolina depois de pagar a dívida não
ficou satisfeita com a resposta do Manuel, vindo a murmurar pelo caminho)
Carolina – Olha qu’aquele camada de bexigas, na fiou de mim 5
mérreis à melheres… Já se ‘tá vingar, é o que é…Já na’se lembra da fome que
passou quande era mais novo; ‘ma traçam te desse ó nascer do sol…E eu que
na’goste nada de regar pragas a ninguém! A sorte dele é ‘tar naquele lugar, sou
obrigada a enfrentá-le de vez em quande pa’pagar o pê’xe… Esta vida desgraçada
na’me dê’xa ter sossegue… Já devia vir ma’rabiosa ‘avia de chegar ó pa’drão! (diz à parte) Mas pa’ que querias tu a
rabiosa Carolina, era pa’ires ós penhoques… Deixa-me mas é ‘tar calada é o
melhor!
Fim do 38º Episódio.
J. Balau.
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