37 º Episódio – O Filho do Pescador
Carolina - ( Já perto da Ana à parte dizia para si) É linde chê’d’areia…
nunca mais me vou esquecer desta colega ordinária, levantou - me um falso
testemunho… Deixa lá, Deus ‘tá lá em cima, um dia vais pagá-las todas!
Ana – Olha miga eu óvi bem o que disseste, Deus ‘tá lá em cima e o
diabo ‘tá caá em baixe… Agora na’tá qui o Cabe Mar, ainda te face co’mós
repolhos, corte-te ós bocades… à melheres já viram esta raivosa que’na me pode
ver!... É freguesas cheguem-se a mim quem me compra o resto do peixe!
Carolina – ( à parte) À
m’intirosa ainda tem o peixe tode nos costais; o que vale a ti bem sei eu… é eu
de precisar às vezes um favor do Manel na lota!
Ana – ( escutou) – O
quê, o que desseste agora aí, ‘tás a falar do Manel… Vê lá se ainda na’chegou
as mintiras que andaste a espalhar pa praia toda!
Carolina – Dêxa-me ir imbora daqui, esta melher só me faz ganhar
nerves!
( Na serra as freguesas iam chegando junto
das peixeiras, animando mais o ambiente que se estava desenrolando, passava a
ser normal discussões mais discussões.
Duas horas depois, cada peixeira tomou o
seu caminho até chegar a casa.
(No dia seguinte a vida continuava com
alguns azedumes entre as peixeiras, mas a vida ia-se normalizando.
O Augusto, andava agora mais contente
depois da compra da arte ao Artur. Certo dia chegou a casa bastante fatigado depois
de fazer a alagem da Arte Xávega sem sucesso.)
Augusto – Ai ai as ‘nhas perninhas, ‘tou derretid’e comá selada…
Dois lances sem apanhar um peixe quer dezer, uns pechinhes diferentes que nem
chegava pa’ sustentar um gate…Inda bem que tu na’foste à Maria!
Maria – À mê’pai, eu na’fui porque tinha muite que fazer em casa…
Aproveitei o tempe pa’passar a roupa… Vossemecê deve vir qeimade do sol, tem
‘tade aí um dia de calor fora do tempe!
Augusto – Ouve cá Maria, em Abril sai a cobra do covil… Nunca
‘oviste dezer! Olha arranja aí uma bacia com água, pa’me lavar.
É verdade esquecia-me de dezer… Já combinei com um camarada pa’ir
pescar no Domingo, vou estrear a lancha.
Maria – Oiça cá pai, atão e a rede, vossemecê na’tem lance?
Augusto – Pois não é só pa’semana… talvez o Manel queira ir
ca’gente.
Maria – Isse na’sei, mas ele deve ‘tar de service… Mas oiça cá pai,
vossemecê escolheu o Domingo para ir estrear a lancha! Olhe na’ache bem
vossemecê é ‘tão religioso!
Augusto – O que tem isse filha… A embarcação não é nova já foi
estreada:
Maria – ‘Tá bem mas para si é a primeira vez… Eu ache que vossemecê
devia mandar o padre benzer a lanchinha.
Fim do37º Episódio
J. Balau.
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