quinta-feira, 22 de outubro de 2015

15º Episódio -O Filho do Pescador

15º Episódio

Augusto – Tenho em casa algumas sardinhas salgadas, era capaz de ir dar uma linhada com o corrimão… Olha e vou mesme, o mar trás força e está bom para a pesca do robale… O sol leva ainda duas horas d’altura, vou preparar as coisas!
(Pouco depois o Augusto chega a casa e chama a sua filha)
Augusto – Maria, ‘tás aí Maria?
Maria – ‘Tou aqui no quarto mê pai, que pressa é essa?
Augusto – Olha filha, vai à cabana e trás as sardinhas salgadas que ‘tão na gamela; vou dar uma linhada com com o corrimão, o mar ‘tá mesme a geite p’ra isse!
(O Manuel escutou o diálogo do seu pai, sentado no chão na cozinha, ele trabalhava um pedaço de cortiça com o canivete, dando forma a um pequeno barco, que tanto desejava. Mas o pequeno escutando a decisão que o pai tomava, não deixou passar despercebido e disse:)
Manuel – À mê pai, dêxe-me ir consigue, nunca me levou à pesca com o corrimão!
Augusto – Tu és tonte rapaz, o mar ‘tá levadio e de noite ainda é mais p’rigoso
Manuel – Mas eu gostava de ver os peixes presos no anzol!
Augusto – Tu nunca foste de noite à pesca, e com o mar bastante p’rigoso, na’te posse levar.
Maria – À pai leve a criança, até lhe faz companhia… Olhe, ‘tou mais descansada se vossemecê for com uma companhia!
Augusto – Vocês moiem-me a ‘nha cabeça… À Maria, vai depressa buscar a sardinha à cabana!
Bom, eu na’devia ó’trizar ires comigue, mas como pedes tanto, vai lá escolher a tua roupa grossa por causa do f’ri que faz de noite… Mas olha que tu t’ans que ‘tar sempre junte de mim depois de atirar com o aparelho ao mar, ó’viste!
(Uma hora depois,o Augusto acompanhado do seu filho chegaram ao local. A maré já descia, até era mais favorável para iniciar a pesca.)
Augusto – Olha filhe, ficas aqui junto da pedra do aparelho, quando eu estender a linha eu faço-te sinal para atirares com a pedra ao mar… Mas tem muito cuidade com as ondas.
Manuel – ‘Tá bem pai, pode ir descansade eu vou ‘tar com atenção… Talvez eu v’anha dar-lhe sorte!
Augusto - Deus queira filhe, uma boa pesca vinha agora mesme a calhar!
(O Manuel estava radiante com o trabalho que o seu pai lhe confiara. O Augusto, ao estender a linha estava um pouco afastado do seu filho)
Manuel – È pá ‘tá ficar escure, já sinte uns arrepios no corpe… E se me aparecesse agora aqui alguém desconhecide!... O mê pai já ‘tá longe, olha ‘tou a sentir a linha a ser puchada, é sinal que eu deve atirar com a pedra ao mar; é isse mesme tanhe que me despachar com cuidade… Lá vai em louvor do Senhor dos Passos qu’ele gosta muito e tem fé com ele!

Fim do 15º Episódio.
 J. Balau.



Sem comentários:

Enviar um comentário