O Filho do
pescador
Nazaré década
1950.
Esta história
desenrola-se numa família pobre e pouco culta, faziam parte: Augusto,
sexagenário viúvo, Maria, (solteira) com 25 primaveras e Manuel com 10 anos de
idade.
Mês de
Dezembro. Certo dia, depois da última ceia, o Augusto e sua filha Maria
dialogavam como era hábito, até que chegasse a hora do sono. O Augusto com o varino
pelos ombros afastava assim o frio, que se fazia sentir em casa.
Maria,
coberta pela sua capa negra estava prestes adormecer.
A luz mortiça
do candeeiro a petróleo, alumiava a grande cozinha, onde os presentes sentados
numa manta de retalhos, iam ficando mais silenciosos.
A certa
altura do serão o Augusto disse: - À
Maria parece que andas muite triste já alguns dias, o que tens tu?! Se’calhar
são os amores qu’andam longe não é!
Sabes, não é por seres minha filha, mas tu és uma das
raparigas mais bonitas da nossa terra… O pai gostava de te ver casada;
se’calhar andas triste por causa disse!
- Não pai, a minha tristeza é outra, o pai está enganado,
na’se esqueça que vossemecê já na’ganha cinco tostons na empresa já vai pa’dois
meses; eu tabém na’consigue arranjar
trabalhe p’ajudar o sustente da gente, ‘tá aí ma’grande crise na nossa terra!
- Deixa lá filha, iste um dia há-de mudar, na’sejas
tão pessimista!
- Mas eu queria ajudar nas despesas da casa… O pai
falou agora aí em casar, mas o que era o pai sem mim! Ai ai… e quante à minha
situação de solteira na’se apoquente!
Na pense o pai qu’eu na’tanhe side procurada
pa’namorar… Mas digo-lhe pa’alminha da nossa mãe, até hoje ainda na’pensei a
sério no meu futuro! Eu na’quere que vossemecê ande preocupade, deixe lá correr
o tempe!
- Agora gostei de te ouvir…Ta´bém filha, mas eu
na’queria partir pa’terra da verdade, sem te ver amparada… Esta é minha
preocupação!
( Maria
silenciou o diálogo, levou as mãos ao lenço da cabeça e cobriu o rosto sem
dizer palavra, não tardou que algumas lágrimas lhe caíssem no seu rosto.
O Augusto preocupado, apreciava os movimentos
da sua filha.
Entretanto, de
repente na lareira ainda acesa, espirrou de um cavaco uma faísca atingindo a
mão do Augusto.)
Fim do 1º Episódio.
J. Balau
Sem comentários:
Enviar um comentário