sábado, 4 de julho de 2015

O Filho do Pescador - 1ª Episódio

  O Filho do pescador

Nazaré década 1950.
Esta história desenrola-se numa família pobre e pouco culta, faziam parte: Augusto, sexagenário viúvo, Maria, (solteira) com 25 primaveras e Manuel com 10 anos de idade.
Mês de Dezembro. Certo dia, depois da última ceia, o Augusto e sua filha Maria dialogavam como era hábito, até que chegasse a hora do sono. O Augusto com o varino pelos ombros afastava assim o frio, que se fazia sentir em casa.
Maria, coberta pela sua capa negra estava prestes adormecer.
A luz mortiça do candeeiro a petróleo, alumiava a grande cozinha, onde os presentes sentados numa manta de retalhos, iam ficando mais silenciosos.
A certa altura do serão o Augusto disse: - À Maria parece que andas muite triste já alguns dias, o que tens tu?! Se’calhar são os amores qu’andam longe não é!
Sabes, não é por seres minha filha, mas tu és uma das raparigas mais bonitas da nossa terra… O pai gostava de te ver casada; se’calhar andas triste por causa disse!
- Não pai, a minha tristeza é outra, o pai está enganado, na’se esqueça que vossemecê já na’ganha cinco tostons na empresa já vai pa’dois meses;  eu tabém na’consigue arranjar trabalhe p’ajudar o sustente da gente, ‘tá aí ma’grande crise na nossa terra!
- Deixa lá filha, iste um dia há-de mudar, na’sejas tão pessimista!
- Mas eu queria ajudar nas despesas da casa… O pai falou agora aí em casar, mas o que era o pai sem mim! Ai ai… e quante à minha situação de solteira na’se apoquente!
Na pense o pai qu’eu na’tanhe side procurada pa’namorar… Mas digo-lhe pa’alminha da nossa mãe, até hoje ainda na’pensei a sério no meu futuro! Eu na’quere que vossemecê ande preocupade, deixe lá correr o tempe!
- Agora gostei de te ouvir…Ta´bém filha, mas eu na’queria partir pa’terra da verdade, sem te ver amparada… Esta é minha preocupação!
( Maria silenciou o diálogo, levou as mãos ao lenço da cabeça e cobriu o rosto sem dizer palavra, não tardou que algumas lágrimas lhe caíssem no seu rosto.
 O Augusto preocupado, apreciava os movimentos da sua filha.
Entretanto, de repente na lareira ainda acesa, espirrou de um cavaco uma faísca atingindo a mão do Augusto.)

Fim do 1º Episódio.

J. Balau

Sem comentários:

Enviar um comentário