35º Episódio
- Ouça cá senhora Maria e na’me dá tabém ma’garrafinha? Sabe ma coisa, eu agora só bebe às refê’ções…
A guarda priubiu-me de beber nas tabernas, e s’eu na fizer assim, a nha melher na’me dêxa entrar em casa!
- Sim senhor, muito bem, agora vai lá fazer o que eu lhe digo, na perdes nada com isso!
- Virgulino, depois de pensar um pouco lá resolveu aceitar o pedido da taberneira. Pegou no saco e lá foi até ao pinhal mais próximo. Depois de algumas horas de trabalho tinha o saco cheio; nem chegou a contar as unidades. Depois de caminhar com o peso das pinhas, chegou à taberna muito cansado mas, muito contente.
- Aqui tem senhora Maria, as pinhas e os pinhocos, iste na se paga com denher nenhum ‘tou arrebentade!
Eia Virgulino!... foste ao pinhal num instante!
- Num instante… Na´foi bem assim, eu ‘tou cansade…
- Olha tens aqui neste saco, tudo quanto eu te prometi e mais a garrafinha de vinho que me pediste mas, não a bebas sem antes da refeição, vê lá agora não estragues o que já fizeste; e vê se tratas bem a tua mulher, ela bem merece! Traz-me depois o saco ouviste!
- Teja descansada, logue vanhe trazê-la.
- Obrigadinha a ‘nha Vergina vai ficar admirada, ela na’esperava por esta!
- O Virgulino lá foi a caminho de casa muito contente. Aproximava-se a hora do almoço e, não havia nada para comer. Quando o filho escutou o bater da porta, ao abri - la foi surpreendido com a presença do pai, e perguntou -lhe: - Mas o que é isso que você traz no saco!... Donde vem você pai?
- Olha, fui dar ma’ volta à procura de trabalhe e a senhora Maria da Chupeta da taberna, perguntou-me o que’u andava a fazer, e eu disse, procure trabalhe!
- Eu logue vi – Disse a Virgínia- Tinha que ires parar na taberna!
- À mãe, deixe o pai falar, ele não bebeu nada… Vá lá conte lá o resto!
- Ela perguntou s’eu queria ir apanhar pinhas, e se eu trouxesse um cento não perdia nada com isse.
Ela emprestou-me o saco e as varolas e fui ó pinhal… E amanhã vou ó’tra vez.
Agora trague aqui o que’la me compensou, tá aqui no saque.
- Ela deu-te isto tudo pai?
- Deu, iste é a paga do meu trabalhe.
-Olhe, você na’ se sente outra pessoa a fazer boas acções?
- ‘Tou mais contente ‘tou filhe. Vão ver ca’nossa vida vai agora mudar… Hoje já foi diferente. À filhe, o pai ‘tá muite arrependide de que fiz… A tu’mãe, tem muita rezão de falar, eu na’tanhe side bom pai como deve ser mas, podem acreditar, que’u vom mudar a ‘nha vida… Agora vou-me entretendo cas’pinhas e depois logue se vê!
- A Virgínia ao saber da mudança do seu marido ficou muito contente.
- Deus te oiça homem, Deus te oiça… Tu t’ans o remede na mão, se começares a fazer boa figura, as pessoas vão ter outra opinião de ti; e até pode ser que ainda arranjes uma boa empresa pa’ trabalhares
Fim do 35º Episódio
j. Balau.
Sem comentários:
Enviar um comentário