34º Episódio

34º Episódio

O Virgulino estava arrependido, do mal que tinha causado à sua esposa, na sua presença prometeu não fazer a mesma vida de embriaguez, agora estava disposto a trabalhar.

- Pois é quenhada você podia pedir às pessoas suas conhecidas, um lugar numa empresa, até podia ser para trabalhar em terra, a consertar as redes!

- Na me v’anhas já apoquentar com novas idé’as, tu ainda na’reparaste no estade que tá a tua melher, isse na’te preocupa?! Na altura que devias trabalhar andaste p’as tabernas, agora queres fugir ó mar… Tu ainda não és um velho, podes muito bem procurar ma’empresa, pa’ trabalhares no mar!

- A tia tem razão pai… você pode ainda andar ao mar, assim você tenha vontade.

- T’ás ó’vir o tê homem Vergina… è o qu’eu digue, na’tanhe confiança naquele quele diz; na’te dou dois ó três dias, quele na’ta’pareça em casa bêbade… Olha, façam lá o que quiserem, eu na’tanhe nada a meter-me na vossa vida! Até logue, eu tanhe mais que fazer!

- Vocês na’ dêm crete à nha qu’enhada, eu já disse que quere mudar de vida! Olhem, eu vou agora ver se alguém precisa de algum camarada pa’ matricular. Até logue.

Ai ai Senhor, dai - me coragem pa’óguetar iste… À filhe, arruma esta caneca na cozinha, e compõe aí a roupa na cama, que’u na’me posse mexer… Nunca mais me veje boa, pa’na’precisar de ninguém!

- A mãe tem que ter paciência, são mais uns dias, depois fica boa vai ver!

- Espere bem que sim. Deus te oiça qu’ride filhe…Mas avisa bem o tê pai… A partir d’oje nesta casa quem na’entregar denher na’come. Olha, diz-le ta’mãe co’Guarda Republicana te disse; - Só um copinhe às refêções; e nas tabernas acabaram-se as entradas. Se quizer quer, se na’quizer que vá andande faz muite bem às pernas. Ou então a famil’a dele é muite grande, vá p’ra casa delas.

- O Virgulino saiu de casa deu uma volta pela praia e foi até à taberna da chupeta. A taberneira estava muito admirada de o ver por aquelas bandas e perguntou-lhe: - O que andas tu a fazer por aqui Virgulino?
- Olhe à senhora Maria, ande à procura de trabalhe, o mar na’tem dade nada e a gente come todes dias!

- Olha Virgulino, isso é verdade mas, quem quer trabalhar arranja-se sempre alguma coisa para fazer!

- Arranja - se diz você, mas o quê?

- Olha queres ir ás pinhas… Eu arranjo-te um saco e uma varola, que tenho ali no Quintal, se me trouxeres um cento de pinhas o pinhocas eu dou-te: - Azeite, pão, arroz, um poucachinho de feijão, e mais alguma coisinha. Se queres tens isto à disposição!

Fim do 34º Episódio

J. Balau.