33º Episódio
- José estava preocupado com o seu pai. Iria ele conseguir quando saísse da cadeia, voltar à vida com dignidade?
- Entretanto no Posto da Guarda Republicana o Virgulino saía livre. Um pouco envergonhado dirigia-se para casa na incerteza se o iriam receber.
Bateu à porta e disse: À filhe abre a porta, é o pai por favor!
- A mãe de José disse: - À filhe, se abrires a porta é à tua responsabilidade… Cá p’ra mim enquante eu me lembrar, da perrada qu’esse homem me deu, e das ofensas que me fez, na me põe a vista em cima, nem os pés naquilo que era dos mês riques paizinhes!... S’ele entrar tem que’mó vir!
- José dirige-se à porta para receber o seu pai –
Vá lá pai, entre e quero que respeite todos nesta casa, vá já pedir perdão à mãe, e conte-lhe a promessa que fez ao guarda na prisão.
- Virgulino entrou cabisbaixo no quarto e de uma forma temerosa, chegou junto da cama e pediu perdão à sua mulher.
- Vergina à Vergina, peço perdão eu na’sei o que fiz naquele dia… Pa’nha riquinha saúde na’ me lembra bem do qu’eu te fiz, na’ me lembra de nada, olha eu seja cegueinhe e surde vê lá tu!
- À na’te lembras… ‘Atão olha, levanta o cobertor e já vês o que tu me fizeste… E ainda na’sei se tanhe olguma qu’estela partida!... Tu só me par’cias um caval ós coices… Santísseme Sacramente me perdõe, queu na goste nada dezer estas coisas!
- Eu na’sei o ca’nha irmã vai dezer mas, ela vai-te fazer uma guerra à vai vai, sabes bem ca’casa tabém é dela. Mas tabém te digue, foi a últ’ema vez que me tocaste… Dé’tes cabe de mim, eu na’sei se já posso trabalhar como dantes! Se quiseres ficar aqui em casa, t’ans que arranjar trabalhe, eu nunca mais mesme que possa, sustente malandres!
O tê filhe se for trabalhar pá’botica do senhor Armande, eu quere aqui ou em qu’olquer lugar muite respête! Quere co’mê’filhe passa em qu’olquer lade ca’cara limpa e sem críticas do povo!
- Virgulino, escutou tudo de cabeça baixa, depois disse:- À vergina, s’és capaz de me perdoar eu fique… Eu ‘tou com outras idéas, quere trabalhar mas, gostava que vocês me ajudassem!
- Ah! Isse já na’sê, procura tu que na’és nenhum velhe. As condições são estas; e aqui em casa nunca mais entra vinhe ninhum!
- Neste momento entrou a Maria –
- Vergina trago-te aqui um cafézinhe pa’ ver sa’ribas!
- Maria quando entrou no quarto e viu o cunhado, quase que entorna a caneca do pequeno almoço -
- Àh… Que ‘tás aqui a fazer matador?! À Vergina eu na’fazia iste em ti, dêxares entrar em casa este bêbade relaxade! Tu perdeste a vergonha Vergina!!
- Maria tem calma melher… A gente tá com pena deste sem vergonha! Ele prometeu agora à gente que já na’bebe, e vai arranjar trabalhe numa empresa!
- Trabalhar!… e vocês foram na cantiga dele, a depois de ‘tar queimade da bebida… Olha nem de joelhes eu lhe perdoava!
- À tia, a gente já falou com o meu pai, e até a guarda lhe deu também alguns conselhos para o bem dele… Se ele não cumprir com o que disse, o pior é dele.
Olhe, além do que se passou eu não posso abandonar o meu pai, e se eu conseguir o emprego, ficava-me mal não querer saber dele, deve compreender que as coisas são mesmo assim… Eu tenho que cuidar do meu futuro, e isso também passa pela minha família.
- À qu’enhda eu tabém quere pedir-lhe perdão do qu’eu fiz sem pensar à sua irmã… Eu perdi naquele dia a cabeça… Olhe qu’ria pedir-lhe um favor, ajude-me arranjar um lugar numa empresa, você tem muitos conhecimentos.
Fim do 33º Episódio
j. Balau.
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