31º Episódio
A guarda Republicana, tentou convencer o Virgulino ainda detido na prisão, para não beber álcool em excesso. Para além de prejudicar a sua saúde, criava graves problemas no seio familiar. O seu filho estava zangado com o pai mas, o guarda deu oportunidade de ambos se encontrarem para dialogar.O Virgulino ao ver o seu filho cabisbaixo, começou a chorar.
- Está a ver pai, o que você arranjou, está aqui na jaula como se fosse um assassino…
Ah! Agora chora, o que você fez não tem perdão, é uma vergonha um homem andar a comer à conta do suor dos outros, e é esta recompensa que você dá a quem o sustenta!
- À qu’ride filhe na’me fales assim… Na’me lembra de nada, iste foi por causa do vinhe!
- Ah! Foi o vinho… Mas quantas vezes isto já aconteceu e você continua na mesma vida!...
Eu não sei se a mãe e a tia, o deixam entrar em casa… O Vinho faz perder o juízo às pessoas sabia?!
- À filhe, perdoa ao nosso pai eu já na’vou beber, é só uma pinguinha à refeição e o senhor guarda, tabém já me disse que vai haver castigos, p’ra quem for apanhade bêbade, a fazer estragos, e ainda apanha uma multa com direite a prisão!
- Ainda bem, que foi o guarda que lhe disse isso, se fosse a gente você não acreditava. Eu não sei quando você vai sair daqui mas, se você promete que não se embebeda mais, eu fale com a mãe para ver se as coisas se compõem. Já agora queria dar-lhe uma novidade… Eu se calhar, vou trabalhar para a Botica do senhor Armando; espero que você daqui amanhã não me envergonhe, está ouvir pai! Ele tem sido nosso amigo e eu recompensar por isso!
- Atão tu vais deixar o mar filhe… fazes bem é ‘ma vida mais segura trabalhar em terra. E diz lá à tu’mãe que me perdoe, eu vou mudar da cabeça aos pés… E tabém vou procurar ma’empresa pa’trabalhar.
- Está bem. Mas não prometa muito, para depois não lhe chamar mentiroso…Vossemecê tem que pedir desculpa à mãe ouviu… e trata-la como ele merece. Agora vou andando, tenho muito que fazer. Até logo.
- Obrigade filhe tu és um santo, eu nunca vou esquecer o que fizeste por mim!
- O José saiu um pouco comovido, dirigiu-se ao gabinete do chefe da Guarda, para lhe fazer um pedido que tinha prometido ao seu pai. Pouco depois, o José vinha mais confiante, agora tinha que preparar a sua mãe para receber o seu pai, e contar-lhe o seu arrependimento. Era importante que a paz regressasse a casa, porque o seu futuro também estava em causa. O jovem quando subia a rua onde morava, um pouco mais adiante, seguia uma mulher com vários objetos nos ombros e nos braços, apregoando em voz alta: - Há por aí trapos velhos, ou ferro velho que queiram vender, ferro velho trapo velho!
- O José lembrou-se de algo que tinha em casa há muito tempo.
- Estou agora a lembrar-me, de uma coisa que tenho em casa há muito tempo, já não a uso e posso vendê-la… Vou perguntar à mulher se quer comprar!... Oiça cá tiazinha vossemecê tabém compra bicicletas velhas?
- Pois compro sim senhora, onde tens tu a bicicleta?
- Eu moro já ali ao cimo da rua, naquela casa branca e amarela, tenho a bicicleta no quintal vou busca-la.
-Vai lá então, eu vou andando para lá, mas não te demores.
- O José entrou em casa apressado, percorreu o corredor em direção ao quintal.
A sua mãe sentiu alguém entrar e perguntou…
- Quem tá’í?
- Sou eu mãe, vou aqui ao quintal buscar uma coisa, eu vanhe já falar consigo, já fui falar com o pai, tá tudo bem no posto!
Pouco depois o José negociava com a mulher o valor do objecto.
Fim do 31º Episódio.
J. Balau.
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