segunda-feira, 16 de setembro de 2013

27º Episódio

27º Episódio

O Virgulino tentava abrir à força a porta de sua casa mas a sua família ignorava o seu clamor em

plena rua. O Alberto junto dele tentava acalmá-lo na sua fúria.

- À Virguline, tu só dizes disparates homem… tem vergonha aqui na rua com tantos vizinhos a

reparar nesta tua teimosia, ve lá se te acalmas!

- Cala-te Alberte, na’te metas niste, olha que’u na’tom bom da ‘nha cabeça, na’me faças fazer mais

desparates!

- A vizinhança começou a ficar revoltada, com a atitude do vizinho. Em volta do Virgulino, juntaram-se

algumas vizinhas, onde procuraram acalmá-lo mas, sem o conseguirem.

Uma mulher mais revoltada pela atitude preocupante do Virgulino disse-lhe: Se tu fosses mê’ homem

já tinha bazade uma bacia d’auga pa’cabeça abaixe… Seu bêbade relaxade, e ainda por cima bates na

tu’ melher sem dó nem piedade!... Olha aí vem o Guarda, avias d’ir prese… se’calhar olguém foi chamá-lo!

- A Guarda Republicana, quando fazia a ronda habitual pelas ruas, reparou que havia um agrupamento de pessoas a falar alto perturbando assim a vizinhança; neste caso tinha que intervir.

Depois de ouvir o queixoso, o guarda reparando que não estava em seu perfeito juízo leva-o para o posto para lá se acalmar e explicar as razões para tal envolvimento.

O José seu filho dentro de sua casa assistiu ao acontecimento, e dirigiu-se ao quarto de sua mãe, informando-a do que estava acontecendo.

- À mãe, você nem vai acreditar o que eu vi agora!!

- O que foi filhe, eu tanhe ‘tade óvir muite barulhe desse homem… Ele ainda ‘tá’í?

- Não mãe, a guarda levou o pai para o posto, se’calhar vai ficar preso!

- À Virgem Mãe… havia de ser um mês ó dois pa’ver se’le ganha juízo!

- À mãe, já ‘tou a ficar com pena dele… Os guardas são capazes de lhe baterem, s’ele começar a refilar com eles!

- ‘Tá descansade que na’lhe fazem nada, ele é um cagarolas!... À filhe, a nossa mãe tem ainda muitas dores, tu vai agora vais descansar, amanhã se vê o acontece!

-Fique descansa’dinha mãe, ele aqui não entra.

- O José, no dia seguinte saiu de casa e quando caminhava, encontrou o guarda que o abordou.

- Ouve lá rapaz, disseram-me agora ali que tu conheces um senhor chamado Virgulino, será o teu pai?

- É sim senhor guarda, ele não dormiu esta noite em casa. E as coisas quele fez à minha mãe, nem lhe digo nada!… Ele não quer trabalhar, e a minha mãe toda a vida tem trabalhado para o sustentar.

Ele ontem, deixou a minha mãe desfalecida com tantos pontapés que lhe deu; ela está cheia de nódoas negras. A mim disse que eu não era filho dele, que devia ser filho de um paleco.

A minha mãe é uma mulher de vergonha senhor guarda, nunca devia ter casado com ele!

Mas, toda a gente diz que ela se iludiu com a beleza dele quando era jovem! Olhe agora, é o que faz o vinho, as poucas vezes que foi ao mar, foi para pagar as dívidas da taberna gastava tudo em vinho,

- Estou a ver o que me estás a contar é um caso muito grave!

- O que eu lhe disse é tudo verdade senhor guarda.

Fim do 27º Episódio

J. Balau.

Sem comentários:

Enviar um comentário