J. Balau
26º Episódio.
- Na t’anhas vergonha… Dizes ca’tia deu o recado à mãe e eu ‘tou aqui ó seu dispor.
Tu sabes melhor falar, logue vês o que ele quer. À filhe, seja o que for quele quê’ra nem que seja pa’fazer algum recade tu aceitas, uma coisa vem atrás da ô’tra!
A gente na’tá em condições de escolher nada… Se ganhares o pãozinho de cada dia, já na’é mau!... É verdade, s’ele te falar em ordenade, dizes depois te dê o que mereces! Vai lá agora, fazer as sepinhas de café.
- Vou sim senhora ‘nha mãe.
- O Zé lá foi direito à lareira, fazer o que a sua mãe lhe tinha ensinado.
- À filhe, fecha a porta à chave e põe a tranca bem, na’vanha por aí esse ordinare apoquentar a gente.
- Ele que vá p’ra casa das irmãs dele, aqui não entra!
- À mãe, eu tanhe muito orgulho de ser seu filho mas, do meu pai o que eu tenho é vergonha. Faço tudo para que ninguém me diga, que eu saio a ele; mas quando alguém me gaba, e me dizem que eu saio à família da mãe, eu sei logo o que eles querem dizer.
- Pois é filhe falas bem. Olha, o senhor Armande da botica, era mais velhe ca’mim e cá tu’ tia mas, ele conhecia a ‘nha famila toda; a tu’avózinha que Deus tem, ia trabalhar pá’mãe dele e ele sabe muite bem, quem é a nossa gente… Pá’via disse é quele te mandou chamar. Ai c’rida mãe do céu, ela te gui’ c’ande fores falar com ele… ‘Tô’morta que chegue o dia d’amanhã!
- À mãe, não pense mais nisse, tome lá a pílula que já me estava a esquecer!
- Entretanto o sol baixava no horizonte. A praia, continuava sem movimento devido à fúria do mar. Já quase ao anoitecer, o Virgulino depois de repousar à beira de uma embarcação, resolveu regressar a casa , ainda um pouco desorientado da bebedeira.
Ao chegar à porta, tentou abri-la sem resultado, e resolveu chamar.
- Ve’gina à Ve’gina… Qué’iste da porta na’s’abre!... Querem ver ca’tracarem po’dentre...
Zé à Zé… ‘tá tude môque neste casa, vocês na’tão óvir!... Ò abrem a porta ò arrombe já cum´pontapé! Esta agora… atão na’me querem abrir a porta; passei tantas voltas de mar, pa’gora ficar na rua com’ó um cão!
- Virgínia e o seu filho ouviam o Virgulino sem lhe dar resposta dentro de casa.
- à filhe na’ lhe dês crete, dêxó ‘tar até ele s’aborrecer… As irmãs que o aturem, ‘tou fartinha de o dele, bem basta o mê sefrimente em quele me dêxou!
- O Virgulino, continuava a pontapear a porta sem a conseguir abrir. As vizinhas já tinham presenciado a cena triste do vizinho mas, ninguém se atrevia abrir a boca, sujeitas ainda a serem ofendidas. Mas, alguém caminhava na rua, era o Alberto. Ao chegar junto do Virgulino presenciou a triste cena.
- Que é isse Virgueline, na’consegues abrir a porta? Assim òs patapés ‘inda a partes…
- Na’faças isse homem, ganha juíze contigue!
- Na’faças isse o quê… Tabém tu já mandas em mim Alberte!... Aquela cabra, ‘tá lá dentre e na’ me quere abrir a porta! Mas porquê?
- Virgulino continua a maltratar a porta sem ter nenhuma resposta de dentro.
- Eu sei que vocês ‘tão aí dentre tão óvir, têm a ver-se com’igue… Até tu Zé, que’u goste tante de ti deixaste de ter coração… Tantas vezes andei contigue às costas e passei tantas voltas de mar pa’te criar; secalhar na’és mê filhe verdadêre… Deves ser filhe d’algum paleque de fora!
Fim do 26º Episódio
J. Balau.
Sem comentários:
Enviar um comentário