sexta-feira, 30 de agosto de 2013

9º Episódio

9º Episódio

- Olha, fazes-me esse favor, deixa‘tar que na’perdes nada com isse!

- Quando já amanhecia, o Alberto e o António chegavam a casa carregados com os robalos. António entrou em sua casa acompanhado do seu amigo, poisando o peixe na cozinha. Maria e seu filho João ainda estavam a dormir mas, com o barulho que sentiram na cozinha, acordaram sobressaltados –

- A Alberte a‘nha melher ‘inda tá dormir!...Mariiiia, acorda melher, tanhe aqui uma surpresa p’ra ti, na’ta’sustes que é coisa boa!

- Q’rede Tonhe, trapassa é essa! Àh!...Mas o qué iste Tonhe… De quem é este peixe tode? Bom dia à Alberte, nem reparava p’ra ti. Mas mesme sére vocês apanharam estes peixes tão grandes!!!

- Apanhamos quer dezer, apanhou o Ti’Tnhe sózinhe… Eu tive azar fiquei sem o meu corrimão.

- À Maria, faz aí‘ma cafeteira de café e vai à padaria buscar o pão, já deve ‘tar aberta, são 7 horas da manhã.

Alberte, lava-te aqui nesta bacia e já na’vais daqui sem beberes o café com pão quentinhe; e como recompensa do teu trabalhe, vais levar um peixe p’ra tua casa que bem mereces!

- À Ti’Tonhe, obrigadinhe vai-me fazer um geitão! (pouco depois)

- Prontes já’qui tá o pão. Ouve cá Tonhe, na’vites a áuga a ferver na cafeteira a quase apaga o lume!

- À Maria eu na’tava agora a pensar na áuga, ainda na’tirei os olhes do peixe!

- Ouve cá, a quem vou eu vender tante peixe… na convém nada que os vizinhes vejem!

- É verdade, eu nunca vi robalos tão grandes ó corrimão… Iste vai ficar na história!

- Vá vanham lá beber o café enquanto não arrefece.

- Eu ‘tou aqui só a pensar, onde vou eu vender estes peixes tão grandes?

- Eu sei lá… tem que ser alguém que dê valor!

- Pouco depois, Maria procurou nos armazéns os melhores comerciantes interessados, em comprar os robalos; tanto procurou até que encontrou. Depois de explicar a qualidade e o tamanho do peixe ao comerciante, Maria convidou-o a ir a sua casa para negociar a venda.

- Olhe minha senhora, realmente o peixe é lindo e fresco, eu dou-lhe trezentos escudos por todos os robalos.

- Só isse senhor Artur!... O que tu dizes Tonhe?

- À Maria, tu é que sabes… Vende isse ó homem!

- Prontes, o mê Tonhe tá da’corde, tá o negócio feite!

- Então, vou avisar as minhas lavandeiras, para vir buscar o peixe. Fica já pago, aqui tem o dinheiro. Até já.

- À Tonhe, nunca vi tante dinheire nas mãos… Iste foi um milagre de Nossa Senhora… Eu ontem à noite, até rezei c’uma vela acesa, em frente da almagem, que ‘tá em cima da mezinha que temes no quarto! Obrigada Santinha.

Deus queira ca’nha irmã, nem sonhe que tu mataste robalos, ócanão ‘inda hoje me vem bater à porta!

- Tu na’me digas isse… Co’mé quela sabe!

- Co’mé quela sabe… Basta as lavandeiras darem ca’língua nos dentes, já enche a Praia, o Site e a Padarneira!

Fim do 9º Episódio

J. Balau.

Sem comentários:

Enviar um comentário