10º Episódio
- O António, receava que a sua cunhada soubesse do êxito da sua pesca, não fosse ela por artes e poderes, fazer mais uma visita a casa, para tentar pedir alguma coisa –
- Olha Maria, ta’bem te digue: se o mê suor vai p’ra casa da tua irmã, e eu a passar noites em branque, p’ra que nada te falte, e o maride dela deitade no quentinhe… na posse ficar satesfête, a ver sair o nosse denher pó’bolso dela…
Eu acabe com iste tude, mas é duma vez per’todas. Tu dizes que t’ans pena mas, eu na’sou pai dela!
- Tans muita razão. Sabes o qu’eu te digue… S’éla falar na tua pescaria, eu digo que tu é que vendeste o peixe e ficaste com o denhere tôde!
- Ouve cá, e tu és capaz de dezer - lhe isse assim?
- À face face… sou muite capaz de o fazer… Atão, eu fique sozinha noites inteiras a pedir à Virgem Mãe, que te guarde na costa e às vezes cheia de mede, e eles na’ querem saber de nada!
- Se o Alberte na’ tem a idéa de me ajudar, cumé eu trózia sozinho o peixe tôde! Aquele camele do Virgoline, nunca é capaz dezer: À quenhade, quande você for ó corrimão, diga qu’eu vou consigo ajudá-le! E na fazia favor nenhum!
- Àh!! Abri’tes os olhes já tarde, mas vendo bem talvez ainda vás a tempe!
- Atão pois vom:
- E eu ‘tou mesme a ver, enquante eu ‘tou aqui sòzinha chê de mede, e tu arrastade noites inteiras, ‘tão eles no bem bom… Já fui parva muitas vezes, agora acabou!
- Maria estava agora mais consciente do abuso da sua irmã. Na próxima vez, tinha que ser mais rigorosa nos pedidos de ajuda. O António já andava revoltado com tais abusos-
- No dia seguinte, o Alberto amigo do António, saiu de casa muito cedo. Como de costume, dirigiu-se à taberna habitual para tomar uma bebida. ( mata- bicho)
- Bom dia Ti’Ana, tá sozinha?
- Não está ali o Virgolino.
- É Virgoline ‘tás aí, nem reparava, tabém ‘tás sempre ò cante dos barris… É pa’ guardares o vinhe!... Ele na foge homem!
- Bom dia Alberte, tu já sabes co’mê lugar é sempre aqui!
- Tabém, secalhar a tu’melher aí onde tás, na rua na’te vê… Ela vai aí p’ra baixe à tua procura já sabes!
- Na’me catês logue de manhã Alberte. Ouve cá, na’me pagas um mata-biche?
- Já me ‘tava admirar!... É uma aguardente que queres… bebe bebe, qu’olquer dia é de caxão à cova… Ouve cá ‘óvi dezer que jána’andas co’Tóni à pescada?
- Na’ande não… Atão, eu nunca via denher nenhum às contas, era tude pá isca, pós bois, pra’li p’ra’colá e desaparecia o denher… Já saí da empresa a semana passada!
- Na’foi isse que me contaram… òvi dezer co’tê chamador foi à tu’porta te chamar duas vezes e tu na’aparecêste!... E tabém já sei, que nessa maré que faltaste perdeste olguma coisa. Até me constou, cada camarada levou p’ra casa mais de 40 mérreis!
- Mas ouve cá Alberte, tu q’rias qu’eu fosse ò mar, c’uma dor de cabeça tamanhe da pedra do Guilhim e uma pontada nas costas… À repazes ‘atão não!
Ele tem muita companha, na lhe façe falta!
Fim do 10º Episódio
J. Balau.
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