6º Episódio – Nazaré, Velhos Lobos do Mar
- António tinha melhorado da sua dor nas costas. Depois de arrumar a sua embarcação, dirigiu-se para casa na companhia de sua mulher.
- Olha quem vai ali pa’nossa rua acima Maria!
- É a nha irmã ‘Tonhe … Pu’rume dela, vai pa’nossa casa vais ver! Já sei que temes novidades frescas com toda a certeza! Se fôr co’má última visita que me fez, só me deu foi ralações!
- E na’forem poucas… Olha pôe-te mas é a pau ca’choradeira dela óviste!
- À homem tu fazes de mim ‘ma tontinha! Bem basta o que ela já lá tem… Se fôr o qu’eu pense não há nada pa’ninguém!
- Olha Maria ela ‘tá olhar pa’trás!
- Tá’armada… Vergiiiiiiina, bons olhes te vejem!
- À querida irmã bom dia. Donde vêem vocês co’mar a chegar ó pardão?
- Olhe se na’venhe tão cede cá baixe, ficava sem a nha’lanchinha, o mar já salta até à estrada!
- Temes a chegar a casa entra, entra Vergina. Dêxa os chinelos à entrada, à bocade tive a barrer a cozinha toda. Atão vietes vesitar a gente? Que é isse melher tás tu a chorar?
Mas quem te fez mal… Isse deve coisa do tê homem não é!
- Não Maria antes fosse, mas ele tabém me tem moído o juízo!
- À melher diz lá o ca’conteceu, ‘tás ma’deixar cheia de nerves!
- À Maria foi o mê filhe, aquele malvade inganou a piquena, e agora ele casar com ela!
- Eu logue vi que na’ vinha daí coisa bôa… E atão, que pensem vocês disse!
- Eu sei lá Maria, e eu sem ter um tostão em casa, pa’estas coisas… Ai senhor ‘tou desgraçada!
- Olha Vergina tu sabes que o mê homem, o que tem ganhe é po’pãozinho do dia a dia, na temes preparados pa’ta’judar!
- Mas oiça cá quenhada, afinal quem é essa piquena quele inganou?
- Vocês conhecem bem, é a filha do Gabriel, até lhe chamam (Encharrôque).
- Na me diga! A filha do Encharrôque… Sim senhora, olha quem ele foi buscar: A fome p’ajudar a miséria… À Vergina o tê filhe na’tem juízo nenhum… Dêxa-me cá encontrá-lo qu’eu lhe digue umas palavras!
- Quê’de eu fazer agora aqui Maria!... O teu cunhade na’quer saber de nada; Há dois dias que na’me vai nada à bôca só de pinsar niste!
- Olhe quenhada você devia convencer o sê filhe a fugir ca’rapariga e prontes, tava o casamento feite!
- À quenhade na’ me diga ma’coisa dessas, isse é ma’vergonha!
- É ma’vergonha, mas na’gastava nada com isse… Até era melhor p’ra eles!
A tua irmã já te disse que na’ te pode ajudar, e a vida na tá facel pa’ninguém!
- Ouve cá Vergina mesme sere tu na’comes há dois dias!... Eu na posse ver ninguém com fome, olha toma lá 10 mérreis e compra alguma coisa pa’vocês comerem!
- Obrigadinho à Maria, tu tans side uma irmã com bom coração; nunca vou esquecer o bem que me tans fête… Olha vou andando p’ra casa, inté tanhe vergonha d’andar na rua. Até logue.
- Tás a ver Maria… Já caíste ótra vez, assim ca’panhou o denher na mão, ala que se faz tarde… Eu ainda fique a pinsar, s’esta história do filhe é verdadeira!
Fim do 6º Episódio
J. Balau
Sem comentários:
Enviar um comentário