sexta-feira, 30 de agosto de 2013

6º Episódio–Nazaré, Velhos Lobos do Mar

6º Episódio – Nazaré, Velhos Lobos do Mar

- António tinha melhorado da sua dor nas costas. Depois de arrumar a sua embarcação, dirigiu-se para casa na companhia de sua mulher.

- Olha quem vai ali pa’nossa rua acima Maria!

- É a nha irmã ‘Tonhe … Pu’rume dela, vai pa’nossa casa vais ver! Já sei que temes novidades frescas com toda a certeza! Se fôr co’má última visita que me fez, só me deu foi ralações!
- E na’forem poucas… Olha pôe-te mas é a pau ca’choradeira dela óviste!

- À homem tu fazes de mim ‘ma tontinha! Bem basta o que ela já lá tem… Se fôr o qu’eu pense não há nada pa’ninguém!

- Olha Maria ela ‘tá olhar pa’trás!

- Tá’armada… Vergiiiiiiina, bons olhes te vejem!

- À querida irmã bom dia. Donde vêem vocês co’mar a chegar ó pardão?

- Olhe se na’venhe tão cede cá baixe, ficava sem a nha’lanchinha, o mar já salta até à estrada!

- Temes a chegar a casa entra, entra Vergina. Dêxa os chinelos à entrada, à bocade tive a barrer a cozinha toda. Atão vietes vesitar a gente? Que é isse melher tás tu a chorar?

Mas quem te fez mal… Isse deve coisa do tê homem não é!

- Não Maria antes fosse, mas ele tabém me tem moído o juízo!

- À melher diz lá o ca’conteceu, ‘tás ma’deixar cheia de nerves!

- À Maria foi o mê filhe, aquele malvade inganou a piquena, e agora ele casar com ela!

- Eu logue vi que na’ vinha daí coisa bôa… E atão, que pensem vocês disse!

- Eu sei lá Maria, e eu sem ter um tostão em casa, pa’estas coisas… Ai senhor ‘tou desgraçada!

- Olha Vergina tu sabes que o mê homem, o que tem ganhe é po’pãozinho do dia a dia, na temes preparados pa’ta’judar!

- Mas oiça cá quenhada, afinal quem é essa piquena quele inganou?

- Vocês conhecem bem, é a filha do Gabriel, até lhe chamam (Encharrôque).

- Na me diga! A filha do Encharrôque… Sim senhora, olha quem ele foi buscar: A fome p’ajudar a miséria… À Vergina o tê filhe na’tem juízo nenhum… Dêxa-me cá encontrá-lo qu’eu lhe digue umas palavras!

- Quê’de eu fazer agora aqui Maria!... O teu cunhade na’quer saber de nada; Há dois dias que na’me vai nada à bôca só de pinsar niste!

- Olhe quenhada você devia convencer o sê filhe a fugir ca’rapariga e prontes, tava o casamento feite!

- À quenhade na’ me diga ma’coisa dessas, isse é ma’vergonha!

- É ma’vergonha, mas na’gastava nada com isse… Até era melhor p’ra eles!

A tua irmã já te disse que na’ te pode ajudar, e a vida na tá facel pa’ninguém!

- Ouve cá Vergina mesme sere tu na’comes há dois dias!... Eu na posse ver ninguém com fome, olha toma lá 10 mérreis e compra alguma coisa pa’vocês comerem!

- Obrigadinho à Maria, tu tans side uma irmã com bom coração; nunca vou esquecer o bem que me tans fête… Olha vou andando p’ra casa, inté tanhe vergonha d’andar na rua. Até logue.

- Tás a ver Maria… Já caíste ótra vez, assim ca’panhou o denher na mão, ala que se faz tarde… Eu ainda fique a pinsar, s’esta história do filhe é verdadeira!

Fim do 6º Episódio

J. Balau

Sem comentários:

Enviar um comentário