sexta-feira, 30 de agosto de 2013

4º Episódio

4º Episódio da história – Nazaré, Velhos Lobos do Mar

- Maria depois de fazer as compras na loja, lá seguiu toda contente com a venda do peixe-

Ao chegar a casa o seu Tonho já dormia com a cabeça em cima da mesa mas, não estava bem…

O que se passaria com ele! Maria pensava para si:-

- Graças a Deus já ‘tou governada pa’ semana tôda.

- Mas a sua maior preocupação era agora a situação do mal estar do seu António –

- Bem, o melhor é deixar passar algum tempo pode ser q’aquele mau humor lhe passe.

- António ainda dormia curvado em cima da mesa, foi então que a sua esposa resolveu chamá-lo.

- À Tonho, Tonho, à homem tás aí todo partide a dormir acorda, vai-te deitar na cama «deves ‘tar moíde com’á selada». Olha já tanhe á’uga morna pa’lavares os pés.

- António finalmente acordou um pouco atordoado mas, silencioso. Depois de se lavar e quando se dirigia para a cama disse:

Ai a’nhas cruzes Maria, na’me’posse endêrêtar, o que será iste! Na’deve ser coisa bôa!...Se calhar vames ter mudança de tempe, as nhas costas já tão adivinhar!

- Maria queria animá-lo, não fosse ele para a cama com maus pensamentos e não pudesse dormir descansado-
- À homem,o tempe até ‘tá calmo parece verão, tu vieste do mar cansadinhe de lutares co’peixe, e o corpe deve ‘tar sentide… Tu na’tans agora vinte anes!

- Pois é melher, falar é fácil mas tu sabes bem o que se passou co’mê’pai, do desgraçade rêmateque,

Iste pode ser uma herança dele… Olha sabes, a nha mãe que Deus a lá tenha na casa da verdade muites anes sem a gente, passou muitas noites a pôr saques de areia quente da bord’áuga, em riba dos rins do mê pai; e às vezes ele até passava melhor!

- À homem de Deus se é por causa disse, eu tanhe qu’ir bazar o pote ò mar e a caminhe trague já areia, aquece depois num tache para esprementares!

- Deixa lá, vais agora de noite à borda d’áuga por causa de mim!

- À Tonhe deita-te descansade que eu já vou tratar de ti.

- Maria, se bem o disse assim o fez. Depois de vazar o pote na maré, recolheu um pouco de areia húmida na abada do avental e regressou a casa. Pouco depois, o saco com areia quente já aquecia as costas do António que, continuava um pouco queixoso. Pouco depois, ela adormeceu ao lado do seu marido. Tudo parecia correr com normalidade. Já perto da madrugada o António acordou sobressaltado com o bater continuado de uma janela do seu quarto –

- Mas o que é iste… Maria à Maria acorda, fechaste mal a janela. O vento’tá soprar com força, deve ser uma nortada com certeza… Eu tinha a ‘nha razão, esta dor nas costas trazia áuga no bico!

Fim do 4º Episódio

J. Balau.

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