3ª Episódio –Velhos Lobos do Mar
Mal de inveja, é uma coisa muito ruim, e se calhar algum invejoso, deitou mau olhado a esta linda pescada, por isso o seu rico Tonho estava assim.
- Mas a pescada era tão linda era motivo de alegria –
O mê Tonho, é um grande pescador e muito meu amigo, mas tinha que haver grande coisa p’ro seu procedimento.
Bem. Agora o que interessa é vender a pescada. Vou a casa do senhor Abílio Santos, que é um homem rico, e como ele tem sempre visitas em casa talvez se interesse por esta beleza. Depois de bater à porta chegou a criada.
À rica amiga ‘taí a sua patroa?... É que eu tenho aqui esta lindeza, q’uinda ninguém lhe pratou a vista em riba, senão o mê’homem, e jure p’as alminhas que foi só isto que ele pescou; isto foi como um milagre!... - Maria adiantou-
O mê homem disse, pa’eu na’vender per menes de60 mêrreis.
- A minha patroa deve querer… mas você está a pedir dinheiro de um barco de peixe!
Entretanto os cães, não se calaram enquanto a criada foi mostrar o peixe à patroa. Ao voltar disse:- OlheTi’Maria, a minha patroa ficou muito contente, porque ela vai ter visitas amanhã, e como não havia peixe em condições no mercado, está a calhar bem. Mas olhe o peixe é muito caro!
- Olhe amor, o mê homem nunca pescou coisa mais linda na vida dele; isto acontece uma vez na vida!
- Pouco depois já escurecia. Maria depois de receber o dinheiro da venda, passou pela porta da loja do senhor José Paiva, que ainda tinha a luz acesa com a porta encostada. O senhor José estava a moer café, Maria perguntou-lhe:-
- Ainda pode aviar alguma coisa Ti’Zé?
- O que queres tu?
- Eu queria uma quarta de café, meio kilo de assúcre e quarta e meia de bacalhau para fazer umas sopinhas no caldo!
- E trazes dinheiro para isso?
Trago sim senhor. Fui vender uns pechinhos co’mê homem trôxe; na’chega 5 mérreis?
- Deve chegar, mas podias passar por aqui, que eu também comprava o peixe.
- Tem razão, mas pensei que não quisesse… Era só uns paxõzinhos, e o qu’eu pedi, foi o que a senhora me deu.
- Ai não, não tem havido peixe nenhum… Caiu-lhe do céu aos trambolhões! Bem vamos agora à nossa conta; é tudo 4 mil e trezentos.
- Ai que cheirinho tem o seu café, se eu tivesse pão em casa, ainda ia fazer uma cafeteira dele!
- Então… Olha, eu tenho aqui metade de um pão, fico com o resto do troco, 70 centavos e levas o pão; até era 90 mas eu também já não o comia e a ti faz-te muito jeito!
- Atão ‘tá bem e obrigadinha.
Fim do 3º Episódio.
José B.
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