.
2ª Episódio .
Nazaré, Velhos Lobos do Mar
- Ò Virgem Mãe, se me deres um peixe, eu prometo duas velas acesas no teu altar.
(Mais tarde) -È escusado na’ tenho sorte nenhuma… Eu tabém na’ponhe os pés na Igreja!...
A santa na’me deve conhecer! (De repente) – Eia… Que é iste… Um grande peixe mordeu a iscada, aí vem ele! Eia que força ele tem… Ai Nossa Senhora e o seu Filho tabém, ajudem-me a
meter este grande peixe dentro do meu barquinho! ( Pouco depois) Na’consigo, é um safio enorme de certeza; já ‘tou cansado!
Ò Pai do Céu, se me ‘tás ó’vir ajuda-me que eu ‘tou a ficar sem forças!
(Num repente, a linha partiu-se e o peixe jamais se viu)
- Ai Senhora a ‘nha vida só anda pa’trás… Na’ me podia acontecer pior,
ai Nossa Senhora, se’calhar Ela desconfiou de eu ter pedido ajuda ao Pai do Céu;
Tou desgraçado c’a nha vida! ( Entretanto o Ti’Tonho estava desesperado, e o sol já ia baixo)
Eu vou levantar o ferro e vou pá’terra.
- O Ti’Tonho ao puxar a âncora, vê um peixe aboiado junto da embarcação;
Era uma grande pescada, ele nem queria acreditar. Pôs as mãos ao peixe auxiliado com o bicheiro e conseguiu apanhá-lo.
– Afinal, Nossa Senhora na’ desconfiou, eu é que confiei nela… Ninguém vai saber deste milagre, ‘tás ó’vir Tonhe… O que aconteceu agora aqui, há-de ir comigo pá’ cova, nem a nha Maria vai saber disto!
( Mais tarde, o Ti’Tonho regressava a terra muito contente. A sua esposa -Maria- ao
ver o peixe ficou radiante, e logo fixou o seu olhar para o promontório, agradecendo
à Virgem de Nazaré. - Já em casa – O Ti’Tonho comia um pedaço de pão e um carapau frito,
que lhe restou do farnel, mas ele parecia muito nervoso. A esposa ao vê-lo assim, perguntou-lhe. À homem… mas o que tens tu?
- O tonho não respondia e continuava pensativo -
Na’falas na’dizes nada, parece que tás acetoade… Eu nunca te vi assim!... À Tonho, tu tens alguma coisa que na’me queres dezer!... Na’tou nada a gostar de te ver assim!
- Maria lavou a loiça, tapou o borralho sempre calada, fazendo o mesmo que o seu marido,
e pensava para si. Maria pôs o xaile pela cabeça e disse: - Olha Tonho, vou vender a pescada, pode ser que alguém com denher me dê 50 mê-reis por ela.
- Mas o Tonho nem uma palavra dizia - A pescada era grande, fora do normal, Maria levava-a dentro de costal, enrolada a um avental já usado, para que ninguém se aperceber do que ela levava. Um velho hábito… Porque nunca o invejoso medrou, nem quem ao pé dele morou. Ela já tinha visto muita coisa, e a sua avó também era muito sabida, coisas que se passavam antigamente: - Mal de inveja, é uma coisa muito ruim, e se calhar algum invejoso, deitou mau olhado a esta linda pescada, por isso o seu rico Tonho estava assim.
Fim do 2º Episódio J. B.
Sem comentários:
Enviar um comentário