História – Nazaré, Velhos Lobos do Mar
1º Episódio
Nazaré, década 50.
O relógio, indicava seis horas numa madrugada de Outubro.O Ti’Tonho, sexagenário, carregando alguns apetrechos de pesca nos ombros,dirigia-se à praia para iniciar mais um dia de pesca.
Com a ajuda de alguns amigos, lançou ao mar a sua embarcação. Já não era a primeira vez que isto acontecia.O seu habitual companheiro,
também coma mesma idade, andava um pouco adoentado e por essa razão ficou em casa.
As pequenas vagas, deixava o pescador tranquilo, e com a ajuda de uma pequena brisa, fez subir a vela pegando depois o leme rapidamente. O sinal da cruz no peito, e a sua oração habitual, que o seu pai lhe ensinara desde a sua adolescência, não se esqueceu de a pôr em prática. Com os olhos fixos na Capelinha de Nossa Senhora De Nazaré, à beira do promontório, fazia o seu pedido em voz baixa com muita devoção.
Nossa Senhora de Nazaré, protegei-me nesta viagem e que esta brisa tão fresca me leve e me traga para que os meus olhos vejam de volta a tua morada, ao pisar o areal.
A viagem demorava cerca de uma hora. As casas, quase não se avistavam quando o Ti’Tonho fez baixar a vela do pequeno mastro.
Com o barco parado, pegou na sonda segura por uma linha lançou-a na água.
Depois de medir as braças de profundidade, verificou que estava no lugar certo. Fez o sinal da cruz, e disse com os olhos fixos no céu:
Obrigada Senhora da Nazaré, por me teres ajudado a chegar até aqui.
Já agora, não quero ser muito exigente, mas gostava de pescar algum peixe
de valor, como sabes sou um pobre de Cristo!
Pouco depois, o anzol prendia um pedaço de lula, que só ia parar no fundo do mar.
A linha segura na mão já bastante calejada, esperava tranquilo que algum peixe mordesse a armadilha.
Mas, o tempo ia passando sem sinal que algum peixe lhe tocasse na iscada; talvez o pescador não escolhesse o melhor lugar!
Mais tarde o sol já ia caindo no horizonte. O Ti’ Tonho desesperado, olha para o poente e vê algumas gaivotas mergulhando na água, parecia que elas estavam à caça de alimento, e era
verdade; elas bicavam algumas pequenas sardinhas.
Ai Nossa Senhora, tanta fartura para uns e nada para outros… Dai-me
ó menos um peixe para eu comer na companhia da ‘nha Maria; é uma
vergonha eu encalhar na praia com as cavernas estremadas… Se’calhar a
Santinha não me ouviu!… Ò Virgem Santa Mãe, se me deres um peixe,
eu prometo duas velas acesas no teu altar!
Fim do 1º Episódio
José Balau.
Sem comentários:
Enviar um comentário