sexta-feira, 30 de agosto de 2013

12º Episódio

12º Episódio

- Alberto depois de dialogar com o Virgulino, este não concordando com os seus conselhos, deixou-o a falar e saiu da taberna. Ti’Ana (taberneira) ficou a dialogar com o seu cliente chegando a uma conclusão: - O Virgulino escapava-se sempre, quando a conversa não lhe convém.

- À Ti’Ana ele na’quere é trabalhar… A triste da melher dele, as vizinhas ainda a podiam ajudar, até temos todos pena dela; agora aquele malandre, ninguém q’ria saber dele… E digo-lhe mais, o filhe vai po’mesme caminhe!... É filhe de má raça!

- Dizem ca’ Maria, a irmã dela, é que a tem ajudade… Mas co’má tempe aí tem ‘tade, quem dá na’pode dar sempre… E ele já têm mais idade có’quenhade!...Trabalhe e pôpe, é o acontece a quem pensa no future da vida!

- Entretanto algo se passava em casa da Maria esposa do António. chegou à taberna e perguntou: - Oiça cá Ti’Ana o mê Tonhe na veie aqui?

- À miga, hoje ‘inda não. Ele vem aqui poucas vezes, só quando alguém o ajuda n’alguma coisa, é que vem pagar um copinho aos companheiros, e bebe tabém pa fazer-lhes companhia, não é homem de fazer sala!

- Eu sei Ti’Ana. Olhe obrigadinhe, eu sei o qu’eu tanhe em casa Graças a Deus!

Até logue vou ver se o veje.

- Comentou o Alberte – É estranhe a Maria vir aqui procurar o homem a esta hora, humm… Iste trás áuga no bique!

- Maria pouco depois chegou a casa, Virgínia sua irmã continuava a esperar por ela.

- Atão Maria na’o achates o tê homem?

- Pois não, ‘inda fui à taberna ver se o encontrava mas não.

Fui tabém à frente do mar e na’ o vi. Olha mana, iste quem na’aproveita trabalhar enquante é verão, o Inverne na dá pão. Iste ‘tá uma miséria, há por aí casas que ‘tá tude deitade nem à rua vêm. Corpe deitade auguenta muita fome… Agora ‘tou aqui ralada, p’ra onde é co’ mê homem foi!... Mas olha, na’ fiques à espera, quele caia mais olguma vez em te valer… Foi pá’ via de ti, quele me tirou o poder da alzebeira; eu ‘tou sem nada… E fica sabendo, casa onde na’há pão, todos ralham sem razão… Ele até me disse: - qu’eu ainda ia no tê rol!

- Mas o quê… O que tem o mê rol pariga?

- Atão na’é… É rol sem gueverne… E na’ma levantes a voz!

- Olha cá caraga, eu tanhe a culpa do mê homem na’querer trabalhar!!

- Pois tans sim senhora…Eu tabém gostava de ‘tar na cama co’mê Tonhe, mas ele é um homem de trabalhe; e eu tanhe muite orgulhe nele!... Tu se desses um insine ó malandre que casou contigue, agora na’andavas em aflições todes dias; nem eu já tinha passade ‘pas chatices qu’eu já passei… Olha, ‘tou agora a olhar pra’li e já sei p’ra onde ele foi… Na veje o aparelhe da lagôa e deve’tar pescar às inguias! Não há pai pó mê Tonhe!

Fim do 12º Episódio.

J. Balau.

Sem comentários:

Enviar um comentário