35º Episódio- História de Vidas,
O Mário despediu-se da Lurdes e foi ao encontro do seu patrão, ainda trabalhava no acabamento do serviço na embarcação.
- Então Mário, chegaste a levar a lenha a minha casa?
- Sim, sim patrão o recado está entregue… Mas a lenha que apanhou chuva precisa de apanhar sol.
- Está bem, deixa o tempo endireitar, eu mesmo trato disso. Olha, vai já arrumar essa ferramenta, o serviço está quase pronto.
- O Joaquim, assim que ouviu o Augusto falar em arrumar a ferramenta, afastou-se disfarçadamente para não auxiliar o Mário, deixou de ser seu amigo por razões que já são conhecidas. O Manuel, ainda presente durante o conserto do barco, ofereceu ao Mário a sua ajuda, onde este lhe agradeceu. Pelo caminho de regresso ao estaleiro, ambos conversavam sobre a vida de cada um.
- Obrigada Manel pela tua ajuda, era muita coisa para eu trazer de uma só vez.
- Olha Mário, não vais pensar mal de mim por falar com o Jôquim eu sei que vocês não se falam, não sei porquê nem me interessa.
- À Manel deixa lá isso, eu conheço muito bem aquele pardal… Estou admirado de ele não arranjar sarilhos na empresa; para mim é o maior vigarista que já conheci… Deixa lá, faz a tua vida e não lhe dês confiança, que não merece a amizade de um amigo.
- Pouco depois, o Mário e o seu companheiro arrumaram a ferramenta no estaleiro nos lugares habituais.
- Chegou a hora do almoço. O Augusto dirigiu-se a casa para almoçar assim como os seus empregados. O Augusto entra em casa.
- Então filha, conseguiste ainda fazer o almoço a tempo!
- Olá pai. Consegui, o que valeu eu já tinha adiantado o comer, porque tinha aqui dentro do fogão uma pequena reserva. Olhe não se preocupe que a lenha que o Mário trouxe à pouco, chega muito bem para hoje e amanhã; Já vi que o rapaz cuida bem dos seus recados, e também se preocupa por fazer bem feito.
- Olha, no princípio parecia-me um palermazinho, mas enganei-me, se ele tiver gosto pela arte que escolheu sai um bom oficial… O rapaz está a surpreender-me, ainda hoje eu vi que ele está sempre com atenção ao serviço, e não é muito falador, ao contrário de alguns, falam mais do que trabalham! À filha, já viste, tu hoje parece que te escorregou o sal da mão!
- Não me diga isso… Por acaso ainda não provei, vou ver se o meu prato tem também a sopa salgada!... À pai peço muita desculpa, vou destemperar com um pouco de água, o resto que está na panela.
- Sabes que o pai, não gosta do comer salgado, faz mal à saúde.
- Desculpe pai, agora estou a pensar que temperei o comer duas vezes.
- Pronto, um dia só também não vai fazer mal, não penses mais nisso.
- Depois do almoço, enquanto o Augusto descansava um pouco no grande cadeirão, a Lurdes ia tratando na limpeza da loiça e da cozinha. Mas ao mesmo tempo lembrou-se de dar uma palavra ao seu pai, pensava para si: - E se eu falasse agora ao meu pai sobre o interesse do Mário na minha pessoa… Olha, agora adormeceu!... Pai pai, você adormeceu… Deve estar cansado se eu sei não o acordava!
Fim do 35º Episódio.
J. Balau
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