História de Vidas - 34º Episódio
-O Joaquim ficou silencioso, mas o seu colega respondeu à jovem.
- Olhe menina, o seu pai está à beira-mar a trabalhar, é capaz de se demorar ainda algum tempo.
- Mas vocês voltam ainda para lá?
- Sim, vamos levar uma coisa que ele nos pediu.
- Então façam o favor de lhe dizer, que mande alguém levar a casa, lenha seca porque a chuva desta noite, molhou a que eu tinha guardada. Até estou admirada de ele não providenciar isto mais cedo!
- Está bem. (respondeu o Manuel)
- Lurdes voltou para casa, enquanto os dois jovens levavam a panela do alcatrão, para os calafates acabarem o trabalho.
(Pouco depois. O Manuel entregou o recado ao Augusto.)
- Está bem rapaz, eu esqueci-me realmente da lenha… Vocês não ouviram a trovoada esta noite!... Deviam ser três horas da manhã!
- (O Mário entrou no diálogo) E choveu que se fartou, eu por acaso ouvi a chuva, mas o dia até está hoje muito bonito! Oiça cá patrão, e como vai resolver agora o caso da lenha?
- Olha, vai lá tu agora, mas leva só o suficiente para hoje, para não demorares muito. Eu acabo o serviço, tabém já não falta muito!
Mário deixou o serviço e dirigiu-se ao estaleiro para preparar a lenha.
- O Joaquim ouviu o diálogo entre o patrão e empregado, e entre dentes começou a querer dizer alguma coisa ao seu companheiro: - Já viste Manel, o maniento do Mário
Até se riu quando o patrão o mandou fazer o recado a casa da Lurdes!
- É pá tu tabém, tás sempre a reparar em tude que o rapaz faz ó deixa de fazer… Eu na’goste nada de me meter na vida dos outros!
- Mas tu Manel, na’tás a ver uma coisa… Se é verdade que ele anda com olho na rapariga, os dois sozinhos, já viste o que pode acontecer!
- Olha Jôquim, seja verdade ó não, que se namoram, eu na’tanhe nada a ver com isse, e a conversa acabou aqui.
- È pá, na’ vais ficar agora chateado comigo, iste é a gente a conversar!
- É a conversar, mas tu lá vais dizendo as coisas, o que acontecer é lá com eles!
- Entretanto o Mário, chegava a casa da Lurdes, com um pouco de lenha. Bateu à porta, Lurdes veio abrir. Olha o Mário… Então como soubeste do recado?
- Olá Lurdes, bom dia. Olha, foi o teu pai que me mandou cá, eu estava com ele, e ouvi a conversa; pronto aqui o que precisas, ainda vai a tempo de fazer o almoço!… Eu não pude vir mais cedo, desculpa.
- Mas desculpa o quê… Até vieste depressa. O almoço também não falta muito eu tinha um pouco de lenha na reserva no fogão, e já adiantei um pouco. Olha muito obrigada por te preocupares também comigo!
- Eu fiz o meu dever estou a trabalhar ao serviço do patrão. Ouve cá Lurdes, tu nunca mais me disseste nada, sobre a tua resposta e eu gostava de saber alguma coisa… Tu já falaste com o teu pai?
- Pois, é sobre isso!…Olha, eu ainda não tive oportunidade de falar com o meu pai enquanto ele andar preocupado com o estaleiro, eu não vou tocar em nada, conheço- o muito bem... Agora tenho que apanhar uma boa altura, para falar com ele, vê se compreendes!
- Mas ouve cá, as coisas no estaleiro estão a correr bem, não há razão para o teu pai andar preocupado!
- Não é essa preocupação que ele tem Mário, são as contas da despesa das madeiras…
Sabes, eu é que faço a escrita e o pagamento dos ordenados, passa tudo pelas minhas mãos, e eu á dias informei-o do valor dos pagamentos e ele preocupou-se muito com isso percebes!
- Olha Lurdes tabém, eu agora tenho que ir ao encontro do teu pai, nós estávamos acabar um serviço e ele disse-me para não me demorar; eu espero mais um tempo pela tua resposta. Adeus Lurdes, cada vez estás mais bonita!
- Vai lá então, tem paciência, por agora é o melhor remédio, até logo.
Fim do 34º Episódio
José Balau.
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