33º Episódio – História de Vidas
- O Anastácio continuava ajudar o Mário no conserto da embarcação. Joaquim seguia de perto o trabalho, a sua intenção era prejudicar o seu antigo amigo em alguma coisa; mas com o patrão a trabalhar ao lado do Mário, era difícil. Entretanto o Joaquim dialogava com um colega da mesma empresa:
- Já viste Manel, o maniente do Mário na’conseguiu fazer o conserto no barco, teve que vir o patrão dele acabar o serviço, pa’te dizer a verdade até ‘tou mais descansado. Ouve cá Manel, que experiência tem ele pa’fazer um serviço destes!?
- Eu não sei, mas parece que na’foi isso que eu ouvi, o patrão está ajudar o Mário para que o serviço acabe mais depressa… A mim tá-me a dar a impressão que na’gostas do rapaz, vocês eram tão amigos!
- Pois éramos, mas a vida às vezes pregam-nos cada partida… Mas na penses tu que eu quere o mal dele!... Zangamos é verdade, ele foi fazer outra vida tudo bem… Olha, Deus lhe dê tanto, como eu desejo para mim, vê lá tu!
- Na’parece… Mas segundo eu ouvi do nosso arrais, ele está bem visto pelo patrão, e já desconfiei que o Mário, anda a encostar-se muito à filha do patrão; eu já os vi juntos a falar à saída da Igreja.
- Não acredite nisse à Manel… Atão ele namora ca’Maria, eu ainda ontem os vi a namorar na rua dele!... Na queria mais nada o Mário namorar ca’bôazona da filha do patão… À Manel abre os olhos, aquilo é peixe fine para o Mário, olha eu não acredite, e em calhando já pergunte à Maria, se ela namora ou não com o Mário.
- Ouve cá Jôquim tu és capaz de fazer isse… É pá, olha que essas coisas às vezes dão mal resultado!... Se fosse a ti na’te metias nisse, coisas de namores é precise muito cuidado!
- Eu na’tenhe problema nenhum, até me dou muito bem ca’Maria!
-Olha, na me metas agora nisse ouviste! Olha o patrão está a chamar a gente, vamos ver o quele quer.
- Anastácio, estava perto dos calafates, o serviço estava quase pronto. Agora era preciso ir ao estaleiro buscar o alcatrão para dar no remendo.
- À Manel, vão os dois ao estaleiro, buscar o alcatrão que ‘tá numa panela de ferro no fundo tem um tripé, vão lá enquanto se acaba o serviço. O mestre ‘tá dezer pa perguntarem lá a um empregado onde ‘tá a panela, eu vou já fazer aqui uma fogueira para aquecer o alcatrão.
- Manel e o seu colega, lá foram pelo caminho até ao estaleiro, mas o Joaquim não estava contente com a sua missão.
- ‘Tás a ver Manel eles é que ganham o denher e a gente é que tem andar aos recados; eu na’sou nenhuma criança!
- Tu tabém, ‘tás sempre contra tude… Custa olguma coisa fazer este gesto ao homem, quanto mais depressa eles acabarem o serviço melhor é para nós!
- Tá bem,tu vês as coisa assim, já viste eu ser criado do Mário… Sim senhora, iste dá-me cá revolta que na’queiras saber... logue eu apareci aqui junto ao barco!
- Tabém, não à quem te entenda… mesme à becade desseste que na’querias mal ao Mário, agora em pouco tempe já mudaste de opinião… Olha se na queres ir eu vou sozinho. Ao chegar ao estaleiro, viram a filha do patrão, a Lurdes, parecia um pouco preocupada. Entretanto ela pergunta ao Joaquim:
- Vocês vêm do barco que o meu pai está a trabalhar?
-Joaquim, nem respondeu.
Fim 33º Episódio
J. Balau.
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