terça-feira, 26 de junho de 2012

31º Episódio – História de vidas

31º Episódio – História de Vidas.

- O Mário despediu-se do Ti’Anastácio. Durante a refeição, o jovem conversava com a sua mãe sobre os últimos acontecimentos da vila. Entretanto, o Mário diz: . à mãe sabe quem encontrei agora no caminho quando vinha para casa!

- Não, ‘inda na me disseste... Olha, se é má notícia é melhor na’me dezeres nada, farta de más notícias ‘tou eu!

- Não se apoquente que não é nada de mal.

- Diz lá então, a novidade!

- Quando vinha para casa, encontrei a Maria, a filha do Ti’Tonho! Ela está uma mulher feita, e bonita só uma vez!

- Eu logo vi, eu bem dizia se fosse uma má notícia, era melhor ficares calado, pelo jeitos a conversa foi-se adiantando na’foi, e daqui por uns dias já tans outra ideia na cabeça, e acabas por esquecer a Lurdes não é assim Mário!

- Eia… o que vai aí! Por onde a mãe já tá levar a conversa… Já me ‘tá a faltar o apetite!

- Olha filho, eu já passei pela tua idade, e sei o que vai na cabeça dos rapazes, porque comigo também se passou um caso, que eu nunca te contei… Tu sabias que o teu pai, antes de casar comigo, apaixonou-se por uma criada de servir, que apareceu aqui no verão com uma família, por acaso até eram muito ricos… Como se costuma dizer, foi amor à primeira vista! Isto é um exemplo que eu estou a dar-te, porque eu passei bastante para desviar o teu pai da ideia que ele tinha da criada…E na penses tu, que a criada era algum peixe podre, até parecia uma senhora fina! Diga-se a verdade, a criada quando acompanhava a patroa, não havia grande diferença, andavam sempre as duas bem vestidas!

- Á mãe, você está a dar-me vontade de rir com essa novidade, e só agora depois destes anos todos, é que me diz esta novidade!

- Nunca te disse filho porque não houve ocasião nem necessidade, de saberes; veio agora à conversa, isto só para te abrires os olhos… Olha filho, se a Lurdes te aceitar como namorado, pode vir dali o teu futuro… até parece que já estou a ver esse dia.

-Mãe, na deite foguetes antes da festa… Na minha opinião, eu penso que por ela a coisa está fiche, mas o meu medo é do pai dela. Já reparei algumas vezes no patrão, que gosta muito da filha, e não a vai entregar assim de mão beijada; ele é um pouco egoísta, quer dizer eu por enquanto não tenho razões de queixa, por acaso desde que comecei ajudar em algumas coisas que ele precisa, tem mostrado, que está interessado em mim, principalmente no trabalho.

- Ora aí está uma boa razão filho para confiares no teu patrão.

Entretanto em casa de Maria, o diálogo entre os seus pais, sobre o encontro com o Mário, era assunto para continuar durante o serão. Maria ainda sem namorado, os seus pais estavam preocupados com a situação da sua filha, por vezes até discutiam sobre o melhor pretendente para Maria.

-Júlia mãe de Maria, perguntou à sua filha, se alguma vez já tinha sido abordada por algum rapaz para namorar.

- À mãe, por enquanto não, mas sei que alguns rapazes já têm dirigido uns olhares muito interessantes para mim!

- Ouve cá filha, o pai sabe muito bem, como essas coisa começam. O interesse de um rapaz por uma rapariga também não se vai escolher por um olhar… É preciso muito cuidado com essas coisas… Em primeiro lugar, deve-se ver as suas famílias se são pessoas educadas ou não, isso é muito importante para que no futuro não haja lamentações, não sei se entendes o pai!

- Eu entendo muito bem, mas os tempos agora são outros meu pai… Antigamente os pais é que arranjavam os namoros e os casamentos dos filhos!... Esse interesse de ser rico ou não, já passou de moda, acho que uma rapariga deve casar com quem gosta.

- À Maria a gente não quer o teu mal, eu acho que um bom conselho não se deve recusar!

- Eu estou a ver que tu já tens algum rapaz debaixo de olho, e se é verdade eu a tua mãe gostávamos de saber já.

- O teu pai tem razão, tu disseste á bocado que tiveste a falar com o Mário, e agente não sabe se é teu namorado!

- Mas qual Mário júlia?

- O Mário que anda aprender a calafate, é nosso vizinho do outro lado da rua.

- O Mário calafate… Tu na’me digas isso, foste logo escolher um calafate!!

- Mas que ideias são essas mê pai… Lá por estar a dar os parabéns ao rapaz por ter salvo uma vida no mar, já estão a inventar coisas. Olhe se fosse coisa de mulheres não me admirava, mas o pai estar já a falar em coisas que não são verdadeiras… Parece impossível!

Fim do 31º Episódio.

J. Balau.

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