História de Vidas - 25º Episódio
-Mário saiu de casa e rapidamente chegou perto do local junto ao rio. Muita gente já se encontrava junto à praia com a intenção de prestar o seu auxílio, ao barco que esperava ao largo por uma oportunidade para encalhar; mas não estava fácil. O Mário perguntou a um pescador de quem era a embarcação que estava em perigo. Respondeu o homem: Tu na ‘tás a conhecer o barco! … É o Ti’Anastácio!
-Mário ficou surpreendido – O Ti’Anastácio!... Mas ele pintou o barco de outra cor, por isso eu não estava a conhecer. Ai Senhor, foi a empresa onde eu comecei a trabalhar… Mas o mar cada vez levanta mais a cabeça! Olhe, os bombeiros estão chegar, mas eles não podem fazer nada, a não ser lançar algumas bóias.
(Entretanto chegam à praia, alguns pescadores com cabos, na eventualidade de prestar melhor auxílio)
(entretanto uma mulher gritava a implorar a Nossa Senhora que ajudasse aqueles homens que estavam em perigo) Ai ricos filhos fujam p’ra fora, olha esse mar que vem aí! Outras pessoas acompanhavam a aflição que se vivia na praia.
(O Mário pensava para si) – O meu patrão, a esta hora está dando pela minha falta, eu não vou daqui, sem ver se acontece alguma coisa com gravidade.
Entretanto, o arrais no barco ia procurando a melhor investida à terra, ora aproximando-se da terra, ora fugindo das grandes vagas que surpreendiam os pescadores.
A autoridade marítima ia recomendando calma a alguns pescadores mais novos para não correrem perigo, alguns com os cabos na mão, enfrentavam as ressacas que por vezes varriam o areal junto da maré. Até que um pescador em terra.
Gritou como um aviso ao arrais, anda mais ao norte Anastácio com a embarcação… E eis que num repente, o arrais manda remar à terra com toda a energia, porque parecia um bom raso. De terra também animavam os pescadores a remar, parecia um bom raso para encalhar. Todos gritavam rema com força. Mas, uma onda perdida cobriu o barco, fazendo alguns pescadores saltarem para a água. Os gritos eram contantes, mulheres de joelhos, rezavam olhando para o Sítio, onde estava a capelinha de N. Senhora. Quase a chegar à praia o barco cheio de água, as ondas continuavam a cobrir a embarcação e uma parte dos pescadores ficaram agarrados ao barco, de terra atiram bóias e cabos na direção dos náufragos, mas um pescador em terra alertou os presentes: Vai ali um pescador a nadar já sem forças, socorro… Gritou o homem apavorado. O Mário já encharcado, tirou a camisola e as calças e atirou-se ao mar sem medir o perigo que lhe podia acontecer. Depois de nadar um pouco, levantou a cabeça e avistou o pescador prestes afogar-se. O Mário chegou junto dele e gritou: Coragem amigo eu vou salvá-lo. A confusão era tanta em terra, quase ninguém em terra se apercebeu do drama em que o Mário enfrentava. Alguns pescadores tinham sido já resgatados dentro da embarcação, outro tinham nadado para terra, mas faltava o Mário ajudando o náufrago a livrar-se do perigo. Já quase em terra, outros pescadores foram ao encontro do Mário com bóias para o ajudar.
Mário gritou. Tragam uma maca, o homem precisa de ir para o hospital.
Os bombeiros ali presentes, rapidamente socorreu o sinistrado prestando-lhe os primeiros socorros, mas ele não reagiu. Então seguiram com ele para o Hospital.
Mário estava esgotado, pois o esforço para segurar o náufrago tinha sido demasiado. Deitado na areia tentava reunir as forças para se poder levantar, enquanto algumas peixeiras cobriam o seu corpo com as suas negras capas para este não se resfriar.
Pouco depois, as vozes já corriam pela praia, este rapaz foi um herói, arriscou a sua vida para salvar o Anastácio, coitado do homem… a idade também já lhe pesa nas pernas, Deus permita que o salve, ele ia tão desfalecido!
Uma voz surgiu na multidão. O Mário foi um grande lutador, embrulhado a uma capa saiu da praia acompanhado de algumas pessoas, para chegar a sua casa; sua mãe não estava presente na praia, ela não tinha coragem de assistir a estas tragédias.
Fim do 25 Episódio
J. Balau.
Sem comentários:
Enviar um comentário