História de Vidas 24º Episódio.
Depois da última refeição o Mário dialogava com a sua mãe, recordando a vida de outros tempos.
- Eu gostava que o teu pai fosse ainda vivo, ele ia ficar admirado com a tua mudança de vida. Ainda me lembro ele dizer : - Eu gostava de dar ao meu filho, outro ofício, a vida do mar é muito arriscada, só eu sei o que tenho passado nestes anos!
- E o pai tinha razão mãe, quando falava do mar… Se fosse coisa boa não era para o pescador. Olhe, não vamos falar mais em coisas tristes; eu vou lavar os pés e vou para a cama, amanhã é dia de trabalho… Sabe uma coisa, nos primeiros dias, eu até me custava levantar, agora não já começo a gostar do meu trabalho!... Não é para me gabar, mas já sei fazer algumas coisinhas!
- Olha a água já deve ‘tar quente. À filhe, tu nem sabes alegria que me ‘tás a dar, com essas palavras!... A não ser!!
- A não ser o quê mãe!... O que essa cabecinha está por aí a pensar!
- Nã’tou a pensar nada filhe, é só uma idé’a!
- Uma ideia, eu conheço – a muito bem.
- É assim, na’tanhas a mal o que a mãe te vai dizer!
- Diga lá, você ainda não me disse nada!
- Veio agora à nha ide’a que tu pensas mais na rapariga do que no trabalho… Prontes querias a resposta aí a tens!
- Olhe mãe, eu não tenho nada a mal que você pense dessa maneira, mas uma coisa é certa, a Lurdes também me deu forças para que eu começasse a gostar do meu emprego, isso é verdade… Mas oiça cá, você vê algum mal nisso!?
Não filhe, ‘atão Deus permita que tu ficasses a trabalhar num lugar, que o patrão fosse o teu sogro… Olha, não é fácil encontrar coisa igual!
(Francelina entretanto aquecia a água na cafeteira para o Mário lavar os pés; depois de pôr um pouco de água na velha bacia ele disse)
- Gaita, já me queimei todo, a água está muito quente mãe!
- À filhe espera aí, que eu ponho um pouco de água fria.
(Pouco depois, mãe e filho tinham recolhido aos quartos para dormir.
Na manhã seguinte. O vento, já soprava com alguma violência pelas ruas. Não faltaram pela rua, passadas apressadas das vizinhas da Francelina, que rapidamente saiu da cama para ver o que tinha acontecido. Depois de vir à janela chamou o seu filho.)
- Mário, à Mário levanta-te filho, estão a gritar na borda d’áuga, e tá cair muito vento.
( Mário levantou-se rapidamente para observar o que estava acontecer.)
- Ainda são sete horas da manhã… deve ser alguma coisa no mar.
(Mário vestiu-se rapidamente e correu até à praia.)
- Eia, o que tá aí a cair, deve vir aí um temporal… Mas as pessoas vão a correr para o lado da foz!... Olha, é um barco que vai encalhar mais ao sul, a costa aqui ao norte já quebra muito mar… Eu vou até lá, nã estou a conheçer o barco, valha-me Deus!
Fim do 24º Episódio
J. Balau
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