12º Episódio da – História de Vidas.
- No dia seguinte, Mário acordava ao chamar de sua mãe.
- Que horas são mãe?
- Levanta-te Mário já bateram oito horas!
- Eia que chatice, agora que ‘tava a dormir tão bem, ‘tanhe que me levantar!
- Ouve cá filhe, tu ‘dantes tinhas te levantar ainda mais cedo, quando andavas ao mar ou já te esquecestes!... Olha, dá graças a Deus de apanhares este emprego… Só as fezes que eu tinha quando vinha o mau tempo!
- A mãe fala mas eu é que tanhe que andar p’a frente, na pense você queu ande a trabalhar nalgum escritório!... Eu já vi que ofício de calafate não é coisa doce, tabém tem os seus problemas; sabe o queu vou fazer hoje mãe; vou endireitar uma caixa cheia de pregos! Olhe, peça a Deus que parta ainda algum dedo com o martelo!
- Com raio, és muito cismático…Tens a quem sair, o teu pai também era assim, sempre que saía de casa para o mar, dezia-me sempre: Francelina, ‘tou a sair de casa, mas na’sei se volte! Mário, tens que confiar mais em ti, tu no mar não eras nenhum peixe podre, eras já um homem como os outros. Acaba de te vestir ‘pa beberes o café, a mãe comprou uma brôa que tu gostas muito.
- Mário pouco depois, saiu de casa em direcção ao local do trabalho. Pelo caminho, encontrou um colega pouco mais velho, mal o conhecia, dirigiu-se a ele e perguntou-lhe : - Olá, ‘atão agora somos colegas, ainda não tivemos tempo de conversar um pouco, para nos conhecermos! Como te chamas, já trabalhas há muito tempo de calafate?
- Olá, o meu nome é António. Já trabalho com o senhor Augusto, desde que saí da tropa, faz agora três anos. Eu estou satisfeito com o trabalho, o patrão não é má pessoa; tu vais te Habituar… às vezes ele é bocadinho rabugento, mas é só trapaça. O que custa mais são as primeiras semanas. Olha, Já são quase nove horas vamos andando, que o patrão não gosta nada, que os empregados cheguem depois da hora.
- Olha, espero que no futuro sejamos amigos. Ouve cá tu sabes se a filha do patrão já namora com alguém?
- Por acaso não sei, mas tem cuidado com ela, não gosta nada que seja espiada, faz logo queixas ao pai.
- Que idade pode ter a rapariga, sabes?
- Não sei, palpita-me que tenha uns vinte anos!
Fim do 12º Episódio
José Balau.
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