João completava sete anos, estava prestes a entrar na escola.
Dia a dia desenvolvendo os seus ditos e ações, em muitos casos agia como um adulto.
Na verdade, Constância adorava o João, muitas vezes fazendo-a esquecer a presença do seu neto ausente no Brasil.
Quem sabe se estará aqui outro herdeiro? Muitas vezes continuava a aconchegar a lenha à fornalha.
Pouco depois saia do local. Ao virar-se, a manga do roupão de Constância, prendeu numa cavaca já ateada, caindo esta no chão. Um grito forte correu em toda a casa.
João, um pouco atrapalhado e sem saber o que fazer perante os gritos da sinistrada, pegou na ponta do roupão, descobrindo o corpo até ver a cavaca, entalada entre a roupa e a perna.
O João calçava chinelos, mesmo assim, com um pontapé certeiro afastou a cavaca para bem longe.
Finalmente, Elvira acordava alertada pelos gritos da patroa.
Saiu de sua cama rapidamente, ainda mal composta, sem saber de onde partiam os ais de dor.
Correu parte da casa em vão para depois encontrar a triste cena no centro da cozinha, valendo a Constância os mosaicos de barro para evitar o perigo de um incêndio.
Elvira – Ai Jesus, mas o que foi isto, patroa? Valha-me Nossa Senhora!
O João, assustado, também chorava segurando um pacote de manteiga que Constância lhe pedira para cobrir a queimadura. Elvira, bastante comovida, chorava desesperadamente.
Constância – Deixa meu filho, que eu trato da senhora!
Elvira – Ai Jesus, eu tenho muita culpa neste acidente!
Constância – O que é isso Elvira, acalma-te mulher. Olha, vai chamar o senhor Victor, o nosso vizinho.
Se ele puder que venha aqui com o carro para me levar ao hospital.
Vá lá e não te aflijas! Dá antes Graças a Deus por teres em filho tão corajoso, foi ele que me livrou do pior!
Pouco depois, Constância chegava ao hospital. Elvira, na sala de espera, aguardava o resultado.
Elvira – Valha-me Deus, o senhor Alberto vai culpar-me no acidente.
Ele não vai entender como isto aconteceu, vou ser despedida, é bem feito!
Mas, porque teria eu adormecido?! Ó meu Deus, isto nunca me aconteceu!
Duas horas depois, Constância chegava a casa com boas notícias.
Duas semanas na cama bastavam para recuperar a saúde. As horas difíceis já tinham passado, restava aguardar. Certo dia, ao fim da tarde, Constância chamou a criada.
Constância – Elvira!
Elvira – Estou aqui patroa!
Constância – Olha, levanta um pouco o cobertor. Pesa muito na perna! Parece que estou a arder nesse lugar!
Elvira fazia tudo com muito carinho mas não podia esconder a tristeza no seu rosto.
Constância procurava animar a criada, não fosse ela sentir a culpa do seu acidente.
Constância – Elvira, chega aqui perto de mim.
Olha, eu não quero ver-te assim tão triste, a alegria tem que voltar ao teu rosto, prometes?
Agora preciso que andes tranquila, compreendes!
Olha, amanhã é Sábado, o Alberto deve chegar à hora do almoço.
Fazes um balanço aos alimentos, não vá faltar alguma coisa nos dias da visita.
Também sobre o meu acidente, tu não viste nada, encontravas-te ausente e quando chegaste já tudo tinha acontecido. Eu é explico ao meu filho o acidente, ele vai compreender porque é um bom filho.
Fim do 7º Episódio
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