“Entretanto, Alberto adiantou.”
Alberto – Olha Elvira, tu és capaz de pensar que eu não falo a sério, ou tenho intenções maldosas.
Não se trata disso, dizendo por outras palavras, eu quero casar contigo, se for a tua vontade, claro!
Dias antes tinha falado com a minha mãe, é só para saberes que eu tenho o seu apoio.
Podes até falar com ela para não ficares a pensar que es estou a mentir-te.
Elvira mantinha-se confusa e surpreendida, não tinha palavras para responder.
Momentos depois o Alberto continuou.
Alberto – Então, não dizes nada Elvira?
O silêncio apoderou-se da voz da criada, ao mesmo tempo sentia-se nervosa e, para testemunhar, os seus pés por baixo da mesa, cruzavam-se simultaneamente, ora para um lado, ora para o outro.
Alberto – Olha Elvira, se não quiseres responder agora ficas à vontade. Eu quero que fiques tranquila.
Bem, tenho que ir preparar as malas para partir, volto no Sábado. Pensa na minha proposta,o tempo que necessitares e podes confia em mim.
O pequeno João aproximou-se ao chamamento do Alberto, para lhe entregar um recado.
Alberto – Olá João, olha vai ao quarto da minha mãe, e diz-lhe para vir tomar o pequeno almoço.
Entretanto, Elvira pedia licença para se retirar a fim de compor a mesa. O Alberto dirigiu-se ao seu quarto. A hora da partida aproximava-se para mais uma viagem até Lisboa.
Ao fim da tarde, Elvira preparava a última ceia. O seu rosto indicava tristeza, não era normal mas, junto da patroa, disfarçava a sua preocupação com um sorriso comprometido.
Ao serão, Elvira engomava uma porção de roupa. Quando ao pegar nas calças do Alberto, a criada olhou-as de uma maneira diferente, não passando despercebido aos olhos da Constância.
Constância – Elvira, estás bem disposta?
“A criada fez uma pausa, respondendo de seguida”
Elvira – Sim, sim Senhora Constância, estou bem!
Constância – Ia jurar, que tens algum problema!
Elvira – Não senhora, estou um pouco triste. Sabe, lembrei-me agora do meu marido.
Faz nesta altura anos que faleceu, é só por isso que estou assim!
Constância – Está bem. Olha, desculpa de interromper o teu sentimento.
Deves ter saudades, é normal. Eu também sei dar valor, porque já passei por essa tragédia.
Não deves pensar em coisas tristes, procura esquecer, tu és nova, tens uma vida à tua frente.
Tu mereces melhor sorte, digo-te isto como se fosses minha filha, podes acreditar, aqui em casa todos gostamos de ti, e do teu filho!
Elvira sentia-se confusa, com uma maneira hábil, tentou desviar as atenções da Constância mas a verdade era outra. O seu pensamento estava fixo na proposta do Alberto.
Será verdade que o filho de Constância está realmente apaixonado?
Um rapaz com uma carreira bonita e bem colocado na vida, interessar-se por uma criada.
Elvira não acreditava, era uma confusão que naquele momento lhe ocorrera.
Mais tarde, Constância adormecera com o João ao seu lado.
A criada, depois de engomar a roupa, chamou a patroa para recolher ao seu quarto.
Antes de adormecer, Elvira rezou o terço como era hábito. Ao mesmo tempo, pedia ajuda a Deus para lhe mostrar o melhor caminho para a sua vida.
Já pela madrugada adormece, a sua mão direita apertava o crucifixo do rosário.
No dia seguinte, fora do normal, os passos de Constância foram os primeiros a sentirem-se na sala, já os ponteiros do relógio tinham deixado as oito da manhã.
Dirigiu-se ao quarto da Elvira e, ao entrar, foi notório o ressonar repousado da criada com o seu filho ao lado. Fechou a porta sem ruído enquanto que a patroa ia-se interrogando. “ è estranho o que se está a passar com a Elvira. O melhor é aguardar!”
Pouco depois, o João chega à cozinha onde Constância tentava atear a lenha do grande fogão.
Constância – Olá João, bom dia! Então, já estás de pé? Vá lá, dá cá um beijo muito grande.
O João, ainda esfregava os olhos, abrindo a boca ao mesmo tempo, indicando que tinha sono.
João – A minha mãe faz muita trapaça quando dorme, por isso eu acordei cedo!
Constância – Olha meu querido, deixa lá. Eu vou deitar-te na minha cama para acabares o teu sono, está bem?
João – Não quero, senhora ‘Tância o sono já passou!
Constância – Ai o meu menino bonito, mas que graça que eu te acho, quando me chamas Senhora ‘Tância!
Dá cá outro beijo à tua amiga. Um... dois... três e quatro, só assim é que eu fico satisfeita!
Fim do 6º Episódio.
J. Balau.
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