Início do 7º Episódio
A Maria da Nazaré aproximou-se do seu pai.
Maria da Nazaré - Bons dias a todos! Oiça cá pai, você vai pôr a rede n’áuga com esta rabiosa que ‘taí ?
O mar na pedra do guilhim, bate com tanta força!
Zé Besugo - Bom dia, Maria. As coisas do mar só a mim dizem respê’te. Deixa lá filha, nã’ te preocupes, o tê' pai ainda sabe o que faz!
- Uma gargalhada geral saiu do grupo, ficando a jovem envergonhada-.
Maria da Nazaré - Você ‘tá-se a rir, o mar nã’ é p’a brincadê'ras !
Olhe, já vou me pôr debaixo da cama,. aí nã’ oiçe nem vejo!
A Maria da Nazaré afastou-se preocupada. A maré continuava a varrer todo o areal. Um dia antes tinha saído muito peixe, era essa a causa dos pescadores arriscarem a vida pelo pão de cada dia.O Zé Besugo decidiu meter a rede no barco para lancear.O Ti’ Manel, pai do João, entre outros colegas, não ficaram satisfeitos, porque o mar não oferecia boas condições para lançar a rede.Pouco depois, o boieiro recebia ordens do mestre para puxar a embarcação junto à maré.Na muralha, junto à praia, alguns pescadores criticavam a decisão do mestre Besugo, era na verdade perigosa aquela aventura.O Fateixa, junto à praia, também observava a cena, desabafando ao mesmo tempo com um amigo:
Fateixa - O Zé Besugo foi sempre um ambicioso, lá porque ontem houve uns chalavares de carapau hoje arrisca a sua vida e a dos seus companhê’res ! Na’ era eu qu’entrava naquele barco, não!
Depois da companha cuidar dos preparativos para a segurança da embarcação, também alguns amigos ajudavam-nos nessa faina. Restava agora as ordens para a largada. As mulheres também não faltaram na praia com seu murmúrio, rapidamente agrupavam-se, dialogando com os velhos pescadores, a fim de saberem as suas opiniões. Alguns até previam o pior.
O momento era de preocupação e agitação. O zé Besugo, à popa da embarcação, mandou os companheiros preparar os remos e, com os olhos fitos no mar, aguardava a melhor oportunidade para lançar o barco na água.O mar, cada vez mais agitado, espraiava constantemente por toda a praia.Finalmente o mestre dava ordens para a largada, alguns pescadores meteram-se na maré para que a embarcação não perdesse tempo na recuperação. A voz enérgica do mestre fez-se ouvir em terra, ao mesmo tempo, o berrar das altas ondas abafavam a sua voz.O barco passava a primeira onda e o mestre continuava a dar ânimo aos seus companheiros.
Zé Besugo - Força rapaziada, temos que vencer o mar que vem aí. Mais força, vá fora, vá fora! Agarrem-se amigos, agarrem-se!
Entretanto, em terra, os gritos fizeram-se logo ouvir por todos os sítios. Mulheres de joelhos imploravam ao céu, outras corriam para a Capela de Nossa Senhora dos Aflitos e até alguns pescadores viraram a cara para o lado.Um rapazito que acompanhava o seu pai alertava-o para o que observara ao largo do mar.
Rapaz - À mê’ pai, olhe ali ó sul, parece um homem a nadar!
Pai - Aonde filho?
Rapaz - Ali, parece que t’ágarrado a uma coisa!
O rapaz estava certo, era o primeiro náufrago da tripulação que se avistava. Um grupo de pescadores correu à Capitania para ajudar a saída do salva-vidas. Enquanto isso acontecia, dois náufragos conseguiam atingir a praia com a ajuda de boias de salvação, lançadas de terra.Todos continuavam a olhar para o mar, na esperança de avistar mais algum náufrago. Mas acontecia o pior, ninguém mais era visto. Entretanto, a barca Salva Vidas estava pronta para se fazer ao mar. Os voluntários, com grande coragem, ocuparam rapidamente os lugares disponíveis entre eles também estava o Fateixa, considerado o melhor nadador conhecido na sua terra. Às ordens do arrais, o Salva Vidas corria sobre a madeira até entrar no mar. Depois de alguns cuidados com a maré, a barca, pouco depois, estava fora de perigo.
O arrais olhava para todos os lados mas nem sinal de gente.
O Fateixa saltou do seu lugar até à proa para conseguir melhor visibilidade, pouco depois gritou ao arrais.
Fateixa - Mestre, mande remar rumo ao sul, há ali alguma coisa a boiar é melhor ir ver.
O Salva Vidas dirigiu-se para o local indicado. O Fateixa avisa o arrais que vai mergulhar. Depois de tirar a roupa meteu-se na água, nadando até ao vulto. O jovem rapidamente chega perto, ao reconhecer o náufrago ficou surpreendido. Afinal, era o Ti’ Manel, já sem forças, agarrado a um pedaço de madeira que não o largava, por mais força que o Fateixa fizesse.~
Fateixa - Coragem Ti’ Manel, vou ajuda-lo a salvar.
Fim do 7º Episódio
J. B.
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