sexta-feira, 30 de setembro de 2011

2º Episódio – A criada

A principal razão pela qual a Elvira visitava a Nazaré estava na promessa do futuro emprego conseguido pela sua amiga. E aconteceu uma oportunidade.

A certa altura, a forasteira perguntou a uma mulher onde ficava a morada indicada na carta.

Pouco depois, a mão trémula de Elvira batia na porta certa.

Rosa, depressa chegou e, ao abrir a porta principal deu um grito de satisfação, abraçando rapidamente a sua amiga Rosa.

Rosa - À querida amiga, estes últimos dias pareceram-me anos mas entra, entra porque eu tenho boas notícias para ti. Olha o João... mas como ele está tão bonito!

Elvira sentiu um pouco de alívio, agradecendo à Rosa, todo o trabalho que lhe causara ultimamente.

A sua amiga, depois de acariciar o João, tranquilizou a sua mãe que parecia muito preocupada.

Entretanto, o João, não estranhando o ambiente, falava até desabafar o que tinha visto na praia.

João - Rosa, já vi o mar, a praia, barquinhos e as pombas!

Rosa - (sorrindo) Olha João, essas aves não são pombas, chamam-se gaivotas.

Agora não te vais esquecer, prometes!

O João acenou afirmativamente com a cabeça.

Rosa acompanhou a Elvira e seu filho a casa de Constância, a fim de conseguir o novo emprego.

Constância vivia sem dificuldades, onde o recheio da casa era do mais fino.

Depois de todos os cumprimentos, seguiram-se as conversações a fim de acertar as condições de trabalho. Elvira escutava a futura patroa sem interrupção.

Rosa, reparando o silêncio da sua amiga, interrompeu o diálogo para lhe perguntar se estava satisfeita com a proposta.

Elvira, baixou a cabeça dizendo.

Elvira - Olhe minha senhora, por mim está tudo bem!

O dinheiro pouco me importa, mas o que eu mais desejava era a companhia do meu filho, porque não tenho ninguém, para ficar com ele enquanto trabalho.

Constância reparou que Elvira sofria pelo seu filho.

Naturalmente queria dar-lhe uma vida mais digna, mas Constância aceitou a sua vontade afinal ela também era viúva, conhecendo bem a dor de estar só.

Constância - Olha Elvira, é assim que te chamas não é?

O pequeno João também escutava o diálogo e, antecipando-se à sua mãe disse:

João - O nome da minha mãe é Elvira, sim senhora!

Constância achou piada a intervenção oportuna do garoto.

Constância - Muito obrigado meu menino, vejo que és muito esperto.

Olha, fazes-me lembrar o meu neto que está no Brasil, tem seis anos de idade e também é engraçado, mas garanto-te que vais ter a minha amizade, se fores sempre um menino educado!

Bom Elvira, sendo assim estamos entendidos, ficas cá não é verdade?

Elvira estava radiante, abraçou a senhora beijando-a carinhosamente em sinal de agradecimento.

Constância explicou a Elvira a sua tarefa diária até ao mais pequeno pormenor, e adiantou:

Constância - Elvira, quero-te ainda dizer uma coisa muito importante. Como já sabes, sou viúva mas eu tenho um filho na tropa com posição de valor. É solteiro mas espera vir a casar brevemente.

A sua namorada é de Vila Franca de Xira, costuma cá vir passar os fins de semana.

Podes ficar descansada que o meu filho não é esquisito, nem complicado, tenho-o como um bom rapaz!

Elvira agradeceu à patroa o esclarecimento e, de seguida, saiu.

No dia seguinte, Constância indicou à criada as suas obrigações.Já perto da janela, dizia-lhe:

Constância - Vês aquela janela em frente?

Ali, de vez em quando aparece alguém a espreitar entre as cortinas, é o nosso vizinho. Tem a mania que as mulheres gostam todas dele!

Fim do 2º Episódio

J. B.

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