A principal razão pela qual a Elvira visitava a Nazaré estava na promessa do futuro emprego conseguido pela sua amiga. E aconteceu uma oportunidade.
A certa altura, a forasteira perguntou a uma mulher onde ficava a morada indicada na carta.
Pouco depois, a mão trémula de Elvira batia na porta certa.
Rosa, depressa chegou e, ao abrir a porta principal deu um grito de satisfação, abraçando rapidamente a sua amiga Rosa.
Rosa - À querida amiga, estes últimos dias pareceram-me anos mas entra, entra porque eu tenho boas notícias para ti. Olha o João... mas como ele está tão bonito!
Elvira sentiu um pouco de alívio, agradecendo à Rosa, todo o trabalho que lhe causara ultimamente.
A sua amiga, depois de acariciar o João, tranquilizou a sua mãe que parecia muito preocupada.
Entretanto, o João, não estranhando o ambiente, falava até desabafar o que tinha visto na praia.
João - Rosa, já vi o mar, a praia, barquinhos e as pombas!
Rosa - (sorrindo) Olha João, essas aves não são pombas, chamam-se gaivotas.
Agora não te vais esquecer, prometes!
O João acenou afirmativamente com a cabeça.
Rosa acompanhou a Elvira e seu filho a casa de Constância, a fim de conseguir o novo emprego.
Constância vivia sem dificuldades, onde o recheio da casa era do mais fino.
Depois de todos os cumprimentos, seguiram-se as conversações a fim de acertar as condições de trabalho. Elvira escutava a futura patroa sem interrupção.
Rosa, reparando o silêncio da sua amiga, interrompeu o diálogo para lhe perguntar se estava satisfeita com a proposta.
Elvira, baixou a cabeça dizendo.
Elvira - Olhe minha senhora, por mim está tudo bem!
O dinheiro pouco me importa, mas o que eu mais desejava era a companhia do meu filho, porque não tenho ninguém, para ficar com ele enquanto trabalho.
Constância reparou que Elvira sofria pelo seu filho.
Naturalmente queria dar-lhe uma vida mais digna, mas Constância aceitou a sua vontade afinal ela também era viúva, conhecendo bem a dor de estar só.
Constância - Olha Elvira, é assim que te chamas não é?
O pequeno João também escutava o diálogo e, antecipando-se à sua mãe disse:
João - O nome da minha mãe é Elvira, sim senhora!
Constância achou piada a intervenção oportuna do garoto.
Constância - Muito obrigado meu menino, vejo que és muito esperto.
Olha, fazes-me lembrar o meu neto que está no Brasil, tem seis anos de idade e também é engraçado, mas garanto-te que vais ter a minha amizade, se fores sempre um menino educado!
Bom Elvira, sendo assim estamos entendidos, ficas cá não é verdade?
Elvira estava radiante, abraçou a senhora beijando-a carinhosamente em sinal de agradecimento.
Constância explicou a Elvira a sua tarefa diária até ao mais pequeno pormenor, e adiantou:
Constância - Elvira, quero-te ainda dizer uma coisa muito importante. Como já sabes, sou viúva mas eu tenho um filho na tropa com posição de valor. É solteiro mas espera vir a casar brevemente.
A sua namorada é de Vila Franca de Xira, costuma cá vir passar os fins de semana.
Podes ficar descansada que o meu filho não é esquisito, nem complicado, tenho-o como um bom rapaz!
Elvira agradeceu à patroa o esclarecimento e, de seguida, saiu.
No dia seguinte, Constância indicou à criada as suas obrigações.Já perto da janela, dizia-lhe:
Constância - Vês aquela janela em frente?
Ali, de vez em quando aparece alguém a espreitar entre as cortinas, é o nosso vizinho. Tem a mania que as mulheres gostam todas dele!
Fim do 2º Episódio
J. B.
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