Início do 11º Episódio
Maria da Nazaré - Quer dezer… tanhe e nã’ tanhe!
Fateixa - À Maria, fala de manê’ra qu’eu t’entenda… Afinal o que disse o tê’ pai?
Maria da Nazaré - Ele disse qu’ia pensar uns dias, mas ache qu’ele ‘tá mais p’ó lade d’acê’tar. Tu agora tans que ter paciança, nã’ vá’s estragar agora as coisas, ó’vites!
Fateixa - ‘Tá bem, prontes! Da ‘nha parte nã’ vai haver estrago nenhum!
No dia seguinte Fateixa visitou o João ainda em convalescença.
Fateixa - Poss’ entrar ó quê?! ‘Tá’qui alguém?
Amélia - À és tu ‘migue, entra, entra.
João, ‘tá’qui o Fateixa p’a te ver!
Finalmente deu-se o encontro mais desejado. João, comovido, abraçou o Fateixa perdoando-se um ao outro. Pouco depois o João disse à sua mãe.
João - Oiça aqui mãe, eu precisava de ficar sozinho mais o rapaz!
O João mandou assentar o Fateixa à beira da cama.
Fateixa - Olha João, quero que saibas, que entre nós vai ficar tude como dantes… O que lá vai, lá vai!
João - Nisse nã’ ´tanhe dúvedas, mas ta’bém… quer dezer o seguinte. Eu sê’ que tu ‘tás interessado em namorar a Maria da Nazaré. Eu já arranjê’ ‘ma namorada, é a Rosa. ‘Inda é prima da Maria, se calhar até vamos ser parentes! Olha Fateixa, desejo tudo de bom p’ra ti!
Fateixa - Obrigado. Ta’bém tô’ contente, com essa novidade do tê’ namoro! Eu ‘inda nã’ tanhe ó’trização do pai dela, mas o nosse namoro vai mesme p’á frente!
Depois de um longo diálogo, os jovens despediram-se com amizade. Uma semana depois, os pais do João tinham cumprido a promessa. O Fateixa estava livre da queixa de agressão apresentada em tribunal. Todos ficaram contentes. Mais tarde a Maria da Nazaré encontrou o seu presumível namorado.
Maria da Nazaré - Bom fia Fateixa, chega aqui. Tanhe ‘ma boa notícia p’a te dar. Olha, o mê’ pai já se resolveu, podes ir no Domingo à noite falar com ele.
Esta notícia pôs o jovem entusiasmado e ele pretendia fazer planos para o futuro. Tudo se acertava no dia combinado, com um serão muito animado. Após alguns meses, o namoro e a amizade aumentavam. A Maria da Nazaré tratava dos últimos preparativos para o seu casamento, enquanto que o Fateixa, embora mais pobre, contribuía com o possível na decoração da casa.
Chegou finalmente o grande dia. Na Igreja de Nossa Senhora da Nazaré, ao meio-dia, realizava-se a cerimónia do casamento. O João, na companhia de seu pai, felicitaram os noivos. Já na boda todos estavam animados mas havia uma surpresa reservada para o noivo.
O Ti’ Manel, a meio da festa, pediu licença aos noivos para dizer algumas palavras.
Ti’ Manel - Com a licença dos noivos vô’ agora dezer a todos vocês uma palavrinha. Eu s’ube ontem da boca duma ó’tridade da nossa terra, e até já tô’ com vontade de chorar mas é d’alegria, e sa ‘nha melher tivesse agora aqui também já ‘tava co’ lenço na mão a limpar os olhos, mas adiante... Queria d’ezer o nosso noivo, o grande Fateixa, já deu provas de ser um herói, vai ser condecorado na nossa Cap’etania por ter arriscado a sua vida pa’ salvar a minha! Obrigado Fateixa. Eu peçe agora a vocês que batem todos palmas, qu’eu não sê’ dezer mais nada!
E Assim aconteceu como o Ti’ Manel informou.
E tudo acabou em bem. Os noivos muito felizes tinham agora uma vida nova à sua frente. A luta do dia, e a mesma dor herdada de uma geração, que sempre soube lutar com dignidade, com amor aos seus filhos e à sua terra. Longa vida aos noivos.
Fim da História. - J. Balau
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