segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A História do Sacristão 16º Episódio

A Pastor (15)

- O pároco disse aos fieis que ficaria a rezar o terço diariamente, pedindo a Deus que ajudasse os pescadores no seu trabalho. A crise continuava nas pescas. O sacristão rezava diariamente com os fieis, com a mesma intenção. E assim aconteceu. O sacristão popularizava-se cada vez mais. A sua função foi a causa maior da sua popularidade. Foi sempre um homem de bom coração. Quando tinha conhecimento que alguém precisava de auxílio, ele oferecia os seus produtos da sua horta, para minorar a fome de quem precisava. No primeiro dia de oração do terço, ele falou aos presentes. Se alguém necessitar de ajuda para sustentar a família, amanhã cerca do meio dia, pode dirigir-se à minha horta, e lá darei alguns produtos do meu celeiro.

No dia seguinte assim aconteceu. Duas dezenas de mulheres esperavam pela oferta. Júlia dos Pinhocos entre outras, também estava presente. Francisco ao aperceber-se da sua presença, ficou bastante surpreendido.

- Então senhora Júlia, também tem problemas na sua vida!

- Júlia envergonhada respondeu - Só Deus sabe a ‘nha vida. A reforma que me dão é uma miséria… Eu na’sei o que me vai acontecer neste inverno se a crise continuar!

- Francisco entrou na pequena arrecadação e distribuiu alguns produtos da Horta, Júlia foi a última a receber. Ao sair ouviu algumas palavras do benfeitor.

- Senhra Júlia, quando precisar de hortaliça ou batatas venha aqui, sempre se arranja alguma coisa.

- Júlia enquanto caminhava ia pensando-

- Eu nunca pensei que este homem fosse assim tão caridoso. Deus o ajude tabém, ele merece.

Durante quinze dias, o Francisco (sacristão) acompanhou os fieis a rezar o terço, pedindo a Deus que ajudasse os pescadores. Os dias iam passando sem resultados satisfatórios, e a crise ia deixando marcas nos rostos de cada pescador. Algumas pessoas devotas, iam perdendo a fé, e em cada dia que passava notava-se menos fieis na Capela. Certa dia o mau tempo ameaçava a costa. O mar bastante furioso, varria todo o areal. À hora da oração do terço, a Capela estava vazia, apenas duas pessoas estavam presentes acompanhando o sacristão na oração; este sempre com a mesma fé, continuava a rezar. Os pescadores cautelosos refugiavam as embarcações nas ruas mais próximas da praia.

Seis dias depois, ao fim da tarde o sacristão, continuava a rezar pelos pescadores e pelo regresso do bom tempo. As duas mulheres que não desvaneciam a sua fé, continuavam presentes, uma das quais era a Júlia.

Fim do 16º Episódio

J.B.

Sem comentários:

Enviar um comentário