quinta-feira, 4 de agosto de 2011

História do – Sacristão –14º Episódio

 

Igreja Matriz da Pederneira

- Francisco tinha ficado admirado, com o agradecimento da senhora Júlia -

- Não sabia que o seu cunhado, fazia parte da companha no acidente. Entre lá e sente-se aí nesse banco. a senhora está com sorte eu hoje estou disponível!

- Sabe, o meu cunhado é o mestre Vitorino.Já me disseram que o senhor foi o primeiro a vê – lo já aboiado.

Júlia comovida larga-se em lágrimas, enquanto o Francisco passa a partilhar da mesma dor.

- Ó criatura não se ponha a chorar, pode entrar alguém e pensar  outra coisa!

- Júlia obedeceu ao conselho do sacristão, mas havia mais alguma coisa que queria desabafar.

- Olhe senhor,agora vejo que vossemecê merece todo o respeito, mas eu queria confessar-lhe uma coisa, que me tem andado apoquentar. Fui eu que disse ao senhor Prior, que o vossemecê andava a fazer bruxarias, ás artes dos pescadores.

- Francisco ao escutar esta confissão sentiu uma frieza da cabeça até aos pés.

No momento, ficou sem palavras perante tanta sinceridade de uma mulher simples, que quase se ajoelhava para pedir perdão dos seus erros.

- Sabe senhor sacristão, eu fiquei viúva já quase há dois anos. O meu homem morreu no mar, numa viradela duma lancha, e nunca mais apareceu…Eu senti um grande desgosto, por não poder dar uma sepultura. Mas um dia, uma vizinha levou-me a casa de uma bruxa para saber o destino do meu falecido. Olhe, vim de lá incomodada e farta de chorar. Convenceram-me então, que o meu falecido andou aboiado mais de um mês… desde dessa altura não pense noutra coisa.

- Francisco ao escutar um estranho relato, de vez em quando gesticulava a cabeça como querer dizer:- ( Mas que grande aldrabice!)

- Essa agora! Mas afinal qual foi a solução da bruxa?

- Como eu ia a contar ao senhor, a bruxa para o corpo aparecer, disse-me para eu vir à Igreja com algumas peças de roupa e, perto do altar, fazer umas rezas que ela me tinha ensinado!

- Ò criatura, então você foi acreditar numa mentira dessas!… Ò meu Deus desculpai-me que estas conversas não são para falar na tua casa! Agora é que eu estou a compreender a presença da roupa junto ao altar no dia em que eu fechei a senhora na Igreja!…Olhe sabe o que eu lhe digo, vá já confessar-se ao senhor Prior, mas conte-lhe tudo o que a senhora fez!.

Fim 14º Episódio  J. B.

Sem comentários:

Enviar um comentário