segunda-feira, 30 de maio de 2011

História - Maria da Nazaré

História de Maria da Nazaré - 6º Episódio

Entretanto o Pedro, pai de Maria entra em casa e diz: - Olá, vocês aí tão quietinhas… Alguém ‘tá c’as orelhas a ferver!

- Maria não gostou das palavras do seu pai e respondeu-lhe :- C’arede mê pai,

ta-bém não é tanto assim!

Pedro sorrindo respondeu-lhe : - Mas eu ‘tava a brincar com vocês, mas passa-se

ólguma coisa? Virgina, mas tu tans olhes de choro!...

Parece que temes a rede enliada, à temes temes! Vocês já sabem qu’eu na’goste nada, de segredos cá em casa!

- Maria retorquiu com muita calma :- Sabe mê’pai, é verdade qu’a gente ‘tava a falar

dumas coisas sérias, mas na’ vale a pena lhe contar porque você é sempre contra.

- Pedro tinha-se sentado na cadeira mas levantou-se rapidamente e disse: -

Essa agora! Eu sou sempre contra… Além de ser ’nalfabete ‘inda sê julgar as coisas direitinhas comó um fuse! Mas vamos lá saber, do que ‘tavam vocês a falar ?

- Virgínia interveio, antecipando-se à sua filha. – À Pedro, ouve agora com atenção. A tu’filha, teve um convite d’um rapaz pa’casar com ele.

-Pedro interrompeu imediatamente.- Espera aí, espera aí, parece qu’eu na’óvi bem…

A nossa filha casar com quem?

- Virgínia respondeu sem demora – Com um homem, com quem ‘avia de ser!... Quer dizer, um viúvo que ‘tá bem na vida… Até te posso dizer quem é; o Jôquim, anda contigo na empresa!

- O Pedro, num gesto agressivo tirou o barrete e atiro-o ao chão e continuou a falar : - Vocês na’tão a brincar comigo pois não!... A nha filha com dezoito anos, na flor da idade casar com um viúvo! E ainda pe’riba, já com um filho d’outra melher… Sim senhora! Olhem vocês calem-se bem caladinhas com esta conversa, ò ca’não ainda vos fazem alguma cegada!

- Esta resposta, não era estranha para a jovem Maria, ela conhecia muito bem o seu pai, e a maneira como tratava os assuntos da família. Mas, ainda assim, ela foi expondo os seus pontos de vista.-

Sabe mê’pai, você disse agora aí que o Jôquim tinha um filho de outra mulher, mas desculpe lá que lhe diga, mas a outra, foi uma mulher que sofreu muito e acabou por morrer… Para ela acabou tudo, e você devia respeitar mais os mortos, porque um dia sabe Deus quando, nós todos vamos parar na terra da verdade. O filho que ela cá deixou, também tem direito à vida, e alguém tem que o ajudar. O Jôquim, a pensar assim, tem toda a razão de escolher o melhor para o seu filho, e também para ele. Se ele me escolheu é porque vê em mim, uma mulher competente, séria e trabalhadora. O Pai devia orgulhar-se disto. O Jôquim é seu companheiro, deve conhece-lo muito bem, ou

não será assim mê’pai?


Fim do 6º Episódio. J. B.

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