terça-feira, 3 de janeiro de 2017

24º Episódio Nazaré. Velhos Lobos do Mar

24º Episódio – Nazaré Velhos Lobos do Mar

- O Miguel fez sinal para a terra, para puxarem a embarcação. Alguns voluntários vendo o barco com dificuldade de navegar, logo acudiram com todas as suas forças.
E assim o barco chegou mais rápido até á praia, com mais segurança.
O mestre Miguel, finalmente tinha concordado com os camaradas que não havia condições para trabalhar.
Pouco depois, a embarcação era puxada para um lugar , com a colaboração de duas juntas de bois.
O camarada Virgolino que tinha discordado de trabalhar sem segurança dirigiu-se à taberna da Ti’Ana, muito tranquilo, lá ia tomando uma bebida.
Sem saber o resultado da decisão do seu mestre, aguardava notícias de alguém que ali entrasse –
- Bom di Ti’Ana.
- ‘Tás aí tâo descasade Virguline!
- Na’tanhe nada que fazer. Olha o Ti’Afonse. Bom dia, a gente já se encontrou na borda d’água… Na´me viu lá a discutir co’mê mestre? Você também entrava no barco com rabiosa!... Seja franque comigue!... Eu sei que na’sou corajoso, mas aquilo ‘tava á vista dum cegue. Olhe Ti’Afonse, eu tanhe muite tempe p’morrer!... Essa agora…Você sabe muite bem, sa’rede tro’xer pêxe, eu levo uma parte e ele leva dez.
- T’ans que ter calma Virguline, todos nós errames, mas tu t’ans rezão; mas esque’zavas ‘tar a discutir co’mestre à frente de tanta gente, parece mal…. Mas é como te digue, hoje dou-te rezão!
- ‘Inda bem… Até enfim alguém me dá rezão!... À Ti’Ana encha aí dois mata biches… Por isse é queu goste de você à Ti’Afonse, sabe ver as coisas como deve ser!
-  Ti’Ana escutava o diálogo com atenção até que:  ) À Virguline desculpa lá mas na’te posse fiar mais… Até me custa dizer-te iste, mas já t’ans aqui uma conta bastante atrasada.
 - Essa agora Ti’Ana… Mas eu sempre  lhe paguei o que devia a você… só agora é má altura na’tanhe ganhe nada e sabe muite bem disse!
- Pois sei. Mas também, sei que a tua vontade de trabalhar é muite pouca!... Muitas vezes é a sacrificada da tua melher, que tem que trabalhar no duro, para tu comeres um prate de sopa… Isso na’me podes negar, eu sei muite bem o qu’ela faz!
- Oiça cá Ti’Ana, você  tabém q’ria queu fosse ò mar com rabiosa arriscar a ‘nha vida!
- Não homem de Deus, nem tu nem de ninguém. Mas muitas as vezes, andas aí com uma calma parece que na’ precisas de ninguém… Apareces estendido na borda d’água, enquanto os teus colegas andam  no mar, a lutar pelo pão de cada dia.
- Pois andem, mas essas vezes é quande eu ‘tou adoentade das costas. O medeque mandou-me apanhar sol. À Ti’Ana esqueça lá isse e encha lá dois copinhes, eu pague as bebidas.

Fim do Episódio

M.Fracelina e J. Balau
no-temp-dos-barretes.blogspot.com

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