9º Episódio –
Nazaré. Velhos Lobos do Mar
- Eu também
t’anhe sangue Maria … Olha, sabes o qu’eu have’ra de ser…
mula, mula co’mó homem dela; tem side um malandre que na’se rala nem ca’vida
dele nem com nada!
Ele tem side censurade pa’ praia inteira!
Ele tem side censurade pa’ praia inteira!
- Eu sei que
t’ans rezão Tonhe, mas ficava muite mal, eu na’apoiar a ‘nha irmã… Ele na’quer
saber de nada, e é ela que tem andar pá’frente. Na penses tu, que me dá goste
‘tar a largar os mê’s dez mérreis, que tante
me custou a pô’par e a ti a ganhar! Mas eu pense, assim que o mê cunhade
ganhar olguma coisa, vais ver qu’a ‘nha irmã me paga tude!
- Paga tude Maria!...
É tude in’ arelêxas!!
E agora pa’judar à missa, aquele palerma do ‘tê sobrinhe, ainda foi arranjar um trita e um…Mas com’e se chama a rapariga?
E agora pa’judar à missa, aquele palerma do ‘tê sobrinhe, ainda foi arranjar um trita e um…Mas com’e se chama a rapariga?
- Chama-se Rosa, ela anda aprender a costurar, e vai depois comprar 'ma máquina de costura.
Mas tu t’ans r’ezão homem… Na’é por ser meu sebrinhe, ele é ‘ma perfeição de rapaz, 'inté podia arranjar uma piquena com mais posses, se tivesse juíze e esperteza p’ra isse… Mas a Rosa também é jeitosa, e por isse ficou logue prese po’beicinhe!
Agora s’ele jurou casar ca’rapariga, ache bem qu’ele tenha que cumprir com o juramente; e a ‘nha irmã que s’amanhe!!
Sabes o qu’eu te digue Tonhe... este munde, ‘tá bom pa’quem na’tem vergonha; toda vida ó’vi dezer :- Quem na’tem vergonha, tode o munde é seu!
A 'nha mãezinha que Deus lá tem, ameaçava a gente quande éramos mais novas, que prantava ma’corda ó pescoço dela, s’a gente na´tivesse juíze… Tantas vezes eu ó’vi dezer com a voz de muite respête, sa’gente quisessemes levar a arca do enxoval, tínhames qu'amercer o véu branque e o raminhe de laranjeira.
E mercemes!...Tu sabes muite bem Tonhe que é verdade.
'Dantes havia muite respête, e também muita vergonha; agora nem ‘ma coisa nem outra!
Mas tu t’ans r’ezão homem… Na’é por ser meu sebrinhe, ele é ‘ma perfeição de rapaz, 'inté podia arranjar uma piquena com mais posses, se tivesse juíze e esperteza p’ra isse… Mas a Rosa também é jeitosa, e por isse ficou logue prese po’beicinhe!
Agora s’ele jurou casar ca’rapariga, ache bem qu’ele tenha que cumprir com o juramente; e a ‘nha irmã que s’amanhe!!
Sabes o qu’eu te digue Tonhe... este munde, ‘tá bom pa’quem na’tem vergonha; toda vida ó’vi dezer :- Quem na’tem vergonha, tode o munde é seu!
A 'nha mãezinha que Deus lá tem, ameaçava a gente quande éramos mais novas, que prantava ma’corda ó pescoço dela, s’a gente na´tivesse juíze… Tantas vezes eu ó’vi dezer com a voz de muite respête, sa’gente quisessemes levar a arca do enxoval, tínhames qu'amercer o véu branque e o raminhe de laranjeira.
E mercemes!...Tu sabes muite bem Tonhe que é verdade.
'Dantes havia muite respête, e também muita vergonha; agora nem ‘ma coisa nem outra!
- É verdade sim senhora. Eu agora até ‘tava a pinsar ´ma
coisa,em casa da tu' írmã nunca mais se vão entender… cada um fala pa’seu
lade; e tu Maria, afasta-te desta confusão, ócanão vá's também no mesme role!
Fim do 9º EpisódioM. Francelina e J. Balau
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