segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

28º Episódio - O Filho do Pescador

28º Episódio. O Filho do Pescador.
 Ana – É a Carolina dos beçes grosses, mora ali ó pé da fonte! Olha, ela costuma ir vender peixe comigue ó mesme casal… Um dia destes pelo caminhe ela vai assim p’ra mim… Quande se casa a tu’filha Ana? E eu respondi, eu sei lá a‘nha filha ‘inda é muite nova, nem tem ainda o enxoval tode; sabes o qu’ela me disse!
Rosa – Eu sei lá mãe, mas já estou a pensar que não deve ser coisa boa!
Ana – Olha filha, por umas coisas tiram-se outras! Vai ela assim com sorriso de sacaninha :- Olha à Ana, iste que fique entre amar’duas, mas quem gosta muite da tu’filha é o mê filhe, eles até se dão muite bem!
Rosa – Espere lá, disse que a gente nos damos muite bem… Olha cá p’ra mim isse é uma grande mentira… Até me parece que eu nunca falei com o filho dela… vossemecê só anda metida com gente de coscuvilhices, afaste-se mas é da má vizinhança!... Sabe o que eu lhe digo, você já arranjou lenha pa’se queimar!
Ana – Tem calma filha, mas de q’oquer manê’ra ela vai levar o recade, na’perde pa’demora!
Rosa – Eu estou mesmo a ver, que estes inchentes nunca mais vão acabar!
(Entretanto o Manuel dirigiu-se a casa também bastante aborrecido, o seu pai estava presente)
Augusto – O que é isse Manel, tu na’vans bem rapaz, essa cara diz-me olguma coisa de mal!
Manuel – Tem razão pai, uma pessoa quando pensa que está bem na vida, há sempre alguém que nos apoquenta!
Augusto – Mas o que foi c’aconteceu agora!
Manuel – O pai nem vai acreditar, isto para mim é bastante aborrecido, mas o caso vai ser esclarecido.
( O Manuel disse ao Augusto, o falso testemunho que lhe tinham levantado, ficando este um pouco revoltado)
Augusto – Sempre há gente neste munde, que só serve para prejudicar a vida de quem trabalha!
(Entretanto chegou o mês de Abril. No estendal a Carolina tratava do seu peixe para secar. A Ana também acabava de chegar com uma dorna (vasilha de madeira) de peixe fresco para escalar e secar.)
Carolina – Bom dia Ana, tabém compraste peixe pa’secar?
Ana – (com mau modo) Comprei, há olgum problema nisse!
Carolina – Q’rede que modes são esses… Á melheres parece que viste o diade!
Ana – Olha se’calhar até vi, a gente pensa c’as pessoas são ma’coisa, e afinal são outras, na’se pode hoje em dia confiar em ninguém!
Carolina – Mas essa piada é p’ra mim, ou v’ans picada d’algum lade!
Ana – Olha picados são os bois, na’goste nada de pessoas fingidas e enliadeiras!
Carolina – Olha à Ana, é melhor te es’plicares bem com essas bocas, qu’eu já nem ‘tou a ver bem o peixe, com o norvoso que já tou dos pés à cabeça!
Fim do 28º Episódio

J. Balau.

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