quarta-feira, 18 de novembro de 2015

25º Episódio - O Filho do Pescador

25º Episódio
Ana – Não filha, mas na’comprei o peixe como devia ser, por causa d’um mal encontre‘tive no caminhe!
Rosa – Mas o que foi, você anda sempre enervada!
Ana – Tu na’queres qu’ande enervada…A Maria disse-me agora ma’conversa, que na’gostei nada… ma’mintirosa e enliadeira daquelas!
Rosa – Mas diga lá o que foi, ‘tá só p’raí a falar a falar e na’percebe nada!
Ana – Na’percebes mas vá’s entender agora… Ela disse-me na‘nha cara, que o irmão dela comprou cadernes e livros quande tu andavas na escola!
Rosa – Oiça cá, e o que tem você com isse, estou a ver que não acredita!
Ana -  Na’me digas qu’é verdade!
Rosa – Pois é verdade mãe…Você já não se lembra, das dificuldades que teve para me comprar os livros e os cadernos pois não!
Ana – Queres tu d’ezer que é verdade!
Rosa – A rapariga só lhe disse a verdade, a mãe nunca soube, porque eu tinha medo que você fizesse algum disparate… E uma coisa que você ainda não sabe, o rapaz  chegou a pedir à sua irmã para comprar os cadernos como se fosse para ele; nessa altura a família do Manuel, também passava mal assim como nós… Mãe ponha as mãos na consciência, e veja a asneira que você fez!... Nem todas as pessoas faziam esta ação do Manuel, não ande agora a embirrar com a rapariga ou o rapaz, porque isto que você não aceita, é tudo verdade!
Ana – Tabém te digu’e ma’coisa Rosa, ela escusava de me atirar à cara ma’coisa sem importanç’a!
Rosa – Está a ver… você continua a não dar valor ás boas ações que as pessoas fazem, e esta foi com algum sacrifício… E já agora quero dizer-lhe uma coisa muito sério… como sabe eu sempre brinquei em pequena com o Manuel, quer dizer gostamos muito um do outro, é muito natural daqui por algum tempo que um dia ele venha a nossa casa falar consigo.
Ana – Vem cá falar comigu'e p’ra quê Rosa… Já ‘tou a ver, é namorico  não é!
Rosa – O que acha mãe… Nós somos pobres, vivemos do nosso trabalho do dia a dia e é quando há!
Ana – Por esta agora é qu’eu na’ esperava… Mas tu és pobre, mas na’és n’inhum peixe podre…Na’és por ser minha filha, mas tu és uma linda!
Rosa- Oiça cá mãe, não se trata de ser linda ou feia, são duas pessoas que se gostam pront'es… O rapaz até conseguiu um bom emprego na lota, e segundo ouvi dizer, todos os funcionários gostam dele!
Ana - Pois, mas é diss’e é qu’eu tanhe medo, daqui à manhã as raparigas não vão faltar andar atrás dele!
Rosa – Olhe mãe sabe uma coisa, o melhor é acabar com esta conversa… Eu vou à loja comprar café e açúcar!

Fim do 25º Episódio
J. Balau.


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