25º Episódio
Ana – Não filha, mas
na’comprei o peixe como devia ser, por causa d’um mal encontre‘tive no caminhe!
Rosa – Mas o que foi, você
anda sempre enervada!
Ana – Tu na’queres qu’ande
enervada…A Maria disse-me agora ma’conversa, que na’gostei nada… ma’mintirosa e
enliadeira daquelas!
Rosa – Mas diga lá o que foi,
‘tá só p’raí a falar a falar e na’percebe nada!
Ana – Na’percebes mas vá’s
entender agora… Ela disse-me na‘nha cara, que o irmão dela comprou cadernes e
livros quande tu andavas na escola!
Rosa – Oiça cá, e o que tem você
com isse, estou a ver que não acredita!
Ana - Na’me digas qu’é verdade!
Rosa – Pois é verdade
mãe…Você já não se lembra, das dificuldades que teve para me comprar os livros
e os cadernos pois não!
Ana – Queres tu d’ezer que é
verdade!
Rosa – A rapariga só lhe
disse a verdade, a mãe nunca soube, porque eu tinha medo que você fizesse algum
disparate… E uma coisa que você ainda não sabe, o rapaz chegou a pedir à sua irmã para comprar os
cadernos como se fosse para ele; nessa altura a família do Manuel, também
passava mal assim como nós… Mãe ponha as mãos na consciência, e veja a asneira
que você fez!... Nem todas as pessoas faziam esta ação do Manuel, não ande
agora a embirrar com a rapariga ou o rapaz, porque isto que você não aceita, é
tudo verdade!
Ana – Tabém te digu’e
ma’coisa Rosa, ela escusava de me atirar à cara ma’coisa sem importanç’a!
Rosa – Está a ver… você
continua a não dar valor ás boas ações que as pessoas fazem, e esta foi com
algum sacrifício… E já agora quero dizer-lhe uma coisa muito sério… como sabe
eu sempre brinquei em pequena com o Manuel, quer dizer gostamos muito um do
outro, é muito natural daqui por algum tempo que um dia ele venha a nossa casa
falar consigo.
Ana – Vem cá falar comigu'e
p’ra quê Rosa… Já ‘tou a ver, é namorico não é!
Rosa – O que acha mãe… Nós
somos pobres, vivemos do nosso trabalho do dia a dia e é quando há!
Ana – Por esta agora é qu’eu
na’ esperava… Mas tu és pobre, mas na’és n’inhum peixe podre…Na’és por ser
minha filha, mas tu és uma linda!
Rosa- Oiça cá mãe, não se trata
de ser linda ou feia, são duas pessoas que se gostam pront'es… O rapaz até
conseguiu um bom emprego na lota, e segundo ouvi dizer, todos os funcionários
gostam dele!
Ana - Pois, mas é diss’e é
qu’eu tanhe medo, daqui à manhã as raparigas não vão faltar andar atrás dele!
Rosa – Olhe mãe sabe uma
coisa, o melhor é acabar com esta conversa… Eu vou à loja comprar café e
açúcar!
Fim do 25º Episódio
J. Balau.
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