10º Episódio.
O Filho do Pescador
Maria – Tu nem
sabes alegria que me dás ao ver o teu interesse de aprenderes mais…Vês ca’mana tinha razão, é na escola
que começas abrir os olhos para mais tarde seres um homem; já na’falta muite’tá
descansade.
(O Augusto, pai do Manuel continuava diariamente na faina da pesca mas o
peixe há uns tempes andava arredio. O mês de Setembro estava a chegar e com ele vinha
as tradicionais festas Nossa Senhora de Nazaré. Os
pescadores e outras gentes dos mais variados lugares, também estavam presentes,
manifestando assim a sua fé e devoção pela secular Imagem. A família do Manuel no dia solene (8 de
Setembro) assistiam à celebração da missa seguindo-se a tradicional Procissão, percorrendo os habituais lugares:
Bico da Memória, algumas ruas do
Sítio até chegar à Igreja. Mas o pequeno Manuel desinteressado pela manifestação de fé do povo, o seu maior
reparo ia para as pequenas barracas de divertimentos
que rodeavam o largo do recinto. Ele sabia que o seu pai não podia satisfazer os seus desejos: Uma volta
no carrossel,visitar algumas barracas para comprar um brinquedo mas, estes desejos
teriam que ficar adiados para outra oportunidade, porque o ano financeiramente tinha
sido muito fraco.
Entretanto no barulhento ambiente da festa o Manuel disse para a sua
irmã)
Manuel - À
mana compra-me uma sanfona pa’prender a tocar, eu gosto muito de música…Olha como eu costume cantar até me
podia ajudar!
Maria – O quê
rapaz, ajudar mas ajudar em quê… Mas como podes tu tocar e cantar ao
mesmo tempo!…Tu na’tás bom da cabeça
e além disso eu na posse comprar essa gaita;
o dinheire é preciso para comprar o
pão de cada dia, o qu’eu compro aqui nas festas é um pacote de cavacas,
para bebermos logue à noite o café com elas, e já vames com muita sorte!
Parece que já te esqueceste da
escola, na’sabes que temes que comprar os livros!
Augusto – O que quer ele Maria?
Maria – Olhe ‘tá-me aqui a secar por
causa d’uma sanfona, daqui a uns dias anda lá a rolar em casa sem querer saber dela!
Augusto – Pois é… Na’tejas triste
filhe, há mais marés que marinheiros. Olha o pai já pediu a Nossa Senhora para
nos ajudar na pesca e melhorar na nossa vida; a gente tem muita fé ca’nossa
Santa!
Fim do 10º Episódio
J. Balau
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