terça-feira, 6 de outubro de 2015

10º Episódio - O Filho do Pescador

10º Episódio.
O Filho do Pescador

Maria – Tu nem sabes alegria que me dás ao ver o teu interesse de aprenderes mais…Vês ca’mana tinha razão, é na escola que começas abrir os olhos para mais tarde seres um homem; já na’falta muite’tá descansade.
(O Augusto, pai do Manuel continuava diariamente na faina da pesca mas o peixe há uns tempes andava arredio. O mês de Setembro estava a chegar e com ele vinha as tradicionais festas Nossa Senhora de Nazaré. Os pescadores e outras gentes dos mais variados lugares, também estavam presentes, manifestando assim a sua fé e devoção pela secular Imagem. A família do Manuel no dia solene (8 de Setembro) assistiam à celebração da missa seguindo-se a tradicional Procissão, percorrendo os habituais lugares: Bico da Memória, algumas ruas do Sítio até chegar à Igreja. Mas o pequeno Manuel desinteressado pela manifestação de fé do povo, o seu maior reparo ia para as pequenas barracas de divertimentos  que rodeavam o largo do recinto. Ele sabia que o seu pai não podia satisfazer os seus desejos: Uma volta no carrossel,visitar algumas barracas para comprar um brinquedo mas, estes desejos teriam que ficar adiados para outra oportunidade, porque o ano financeiramente tinha sido muito fraco.
Entretanto no barulhento ambiente da festa o Manuel disse para a sua irmã)
Manuel - À mana compra-me uma sanfona pa’prender a tocar, eu gosto muito de música…Olha como eu costume cantar até me podia ajudar!
Maria – O quê rapaz, ajudar mas ajudar em quê… Mas como podes tu tocar e cantar ao
mesmo tempo!…Tu na’tás bom da cabeça e além disso eu na posse comprar essa gaita;
o dinheire é preciso para comprar o pão de cada dia, o qu’eu compro aqui nas festas é um pacote de cavacas, para bebermos logue à noite o café com elas, e já vames com muita sorte!
Parece que já te esqueceste da escola, na’sabes que temes que comprar os livros!
Augusto – O que quer ele Maria?
Maria – Olhe ‘tá-me aqui a secar por causa d’uma sanfona, daqui a uns dias anda lá a rolar em casa sem querer saber dela!
Augusto – Pois é… Na’tejas triste filhe, há mais marés que marinheiros. Olha o pai já pediu a Nossa Senhora para nos ajudar na pesca e melhorar na nossa vida; a gente tem muita fé ca’nossa Santa!
Fim do 10º Episódio

J. Balau

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