segunda-feira, 20 de julho de 2015

O Filho do Pescador - 4º Episódio


O Filho do Pescador 4º Episódio

O Augusto estava preocupado com a crise financeira que estava a passar.
Maria – À mê’pai logue se vê… Eu amanhã vou à escola falar com o professor.
Augusto – Vai sim filha, t’ans mais espediente pa’falares com essa gente!
Maria – Na’se rale qu’eu trate de tude, a gente somes pobres mas gostamos de educar o nosso menino; Olhe se ele acordar dê-lhe o café, ele gosta de beber no púcare de esmalte, e a seguir vou à cabana da tia Amélia, comprar uns carapaus secos para o nosso almoço.
-No dia seguinte a Maria dirigiu-se à escola a fim de se encontrar com o professor, para lhe expor o caso do seu irmão, precisava de ajuda para adquirir os livros.
- Uma hora mais tarde a Maria entrava em casa com uma boa notícia –
Maria - Prontes já tratei de tude. Pai à pai, na táqui ninguém, onde foi ele!
-Manuel – Mana à mana ‘tou aqui.
Maria – Mas onde ‘tás tu? Olha já falei com o professor, parece qu’ele vai tratar das coisas pa’entrares já pa’semana na escola. Agora tanhe que ir levar a tu’celda da nascimento.
Manuel – Mas tu foste à escola, és ma teimosa, eu na’goste da escola!
Maria – Como é que tu na’gostas se nunca lá puseste os pés!
Manuel – Eu cá tanhe a nha razão… os outros rapazes dizem mal da escola!
Maria – Mas que razões tans tu… és ainda ma’criança na’sabes o que dizes!
Manuel – Vocês na’sabem  o c’os outres piquenes dizem… Olha o mê prime já apanhou três vezes perrada… podes ir perguntar a ele se é verdade… O mê’pai nunca me chincou c’um dede, e eu vou pa’escola apanhar perrada, atão na vou!
Maria – Ouve cá, se o tê prime apanhou, é porque ele fez alguma coisa de mal.
Manuel – À mana, eu na’vou prontes… Tu na me podes obrigar, tu tabém na foste quande eras mais nova!
Maria – Isse na’é da tua conta… A nossa mãe, precisou de mim quando eu era mais nova pa’judar na casa; tu agora na’entendes isse… Mas ouve cá, depois d’eu ir envergonhar-me ao professor, resolves na’ir estudar!... T’ans quir e t’ans ir!
Fim do 4º Episódio.

J. Balau.

Sem comentários:

Enviar um comentário