quinta-feira, 12 de junho de 2014

2ª Cena - Recordar o passado

2ª Parte-Recordar o Passado

Ti’Ana – O qu’eu sê segunde me desseram, foi por cosa do ranche do entrude. O João Alvarenga Queria o par do prime, a Maria. Deve haver por aí ciúmes à mestura!
António – Oiça cá afinal que é a piquena?
Ti’Ana – É a Maria cantadeira, a filha do Ti’Jôquim, o sê’velhe terra. Eles moram na mesma rua da paleca. O Alvarenga se calhar anda com olhe nela.
António – És capaz de ter razão. Já t’anhe viste o manel a falar ca’Maria no arrebate da porta dela. Na’ponhas mais estopa na tau’ba, esta mocidade ás vezes perde a cabeça!
(entretanto Maria escutava o diálogo sem ser notada)
Maria – Sim senhora… Posse saber porqu falavam da ‘nha pessoa?
Ti’Ana – Á miga do mê coração, nada de mal nada de mal!
Maria – Então desembuche… Vá digam lá, olhem qu’eu já tô chê de norvose até às guelras!
António – (Levanta-se do banco) À miga tem calma qu’agente ‘tava a falar do que o povo diz por aí de ti!
Maria – Mas o que dizem pr’aí pode ser muita coisa!
Ti’Ana – Olha lá, eu tabém já tou cheia de nerves… Na’ouve no ensaio dorancho um desentendimento com o João Alvarenga e o prime Manel?!
Maria – Foi verdade até houve, mas isse já foi há dias, já passou!
Ti’Ana – Pois já passou… Passou p’ás costas do Manel; o João ia o matando o prime c’uma recoveira por c’osa de ti!
Maria – Você Ti’Ana na tá boa do cerbe da cabeça! Eu na’tanhe nada a ver com isse… Essa notiça p’ra mim vai direitinha p’o pote. Eu sou jovem e livre na’pertence a ninguém, satesfações só ótrise ó mê pai… Dêxem-me viver em paz, e nem pensem qu’eu vou ficar de fora do ranche… Vossemecês na’me conhecem( Canta) ––

Ainda Sou Uma Menina

Ainda sou uma menina
Tenho os olhos bem abertos
Uso a saia bem comprida.
Sou esperta muito fina
Aqui ninguém chega perto
Sou divertida.

Quando chega o carnaval
Penso logo em divertir
Quero catar e balhar.
Mas aonde está o mal
Eu no rancho quero ir
estou nas tintas para o par.


Refrão
Ora oiçam esta
que é a verdade.
Tudo o que dizem eu não tenho culpa
Se for ciúmes cada um se desemalhe
Nesta cantiga o aviso vai ficar
Sou alegre Nazarena
Não vou deixar de cantar.

Se sabem que fazer
Falem comigo a preceito
Sou pequena mas mulher.
Não tenho nenhum defeito
nem sou de pantominices
Nem vigarices.

Se há gente deslavada
E com muita presunção
É melhor ficar calada.
Pode levar um sermão
abanar o coração
E cair desmaiada.

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